Israel ataca Palácio Presidencial da Síria em 3º dia de ofensiva, diz imprensa local

Pelo menos dois ataques de drones atingiram o edifício e servidores estavam se abrigando no porão

Folhapress Folhapress -
Dois ataques de drone atingiram o Palácio Presidencial da Síria.
Dois ataques de drone atingiram o Palácio Presidencial da Síria. (Foto: Captura de Tela/Youtube/UOL)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Israel atingiu o Palácio Presidencial em Damasco nesta quarta-feira (16), terceiro dia consecutivo de ataques do Exército de Tel Aviv à Síria, segundo a imprensa local. A ofensiva aumenta a tensão no país, palco de combates entre drusos e beduínos que já mataram 248 pessoas desde o último domingo (13).

Funcionários do Ministério da Defesa sírio, que também foi bombardeado por Tel Aviv, disseram à agência de notícias Reuters que pelo menos dois ataques de drones atingiram o edifício e que os servidores estavam se abrigando no porão. Segundo a emissora estatal Elekhbariya, o bombardeio feriu dois civis.

Já o Exército israelense disse que havia “atacado o portão de entrada da sede militar do regime sírio” em Damasco e que continuava “a monitorar os desenvolvimentos e as ações sendo tomadas contra civis drusos no sul da Síria” —o Estado judeu justifica os bombardeios com o objetivo declarado de proteger a minoria das forças governamentais.

Os drusos, cuja religião deriva do islamismo xiita, são um importante minoria do Oriente Médio —eles estão presentes no Líbano, no sul da Síria e nas Colinas de Golã, uma área síria ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e palco de cenas caóticas após os confrontos.

Nesta quarta, aliás, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pediu aos drusos que não atravessem a fronteira rumo à Síria. “Vocês estão arriscando suas vidas; podem ser assassinados, sequestrados e estão prejudicando os esforços do Exército israelense. Portanto, peço a vocês: voltem para suas casas”, afirmou.

O grupo é um dos vários que formam a etnicamente diversa população da Síria, atualmente governada por Ahmed al-Sharaa, ex-membro de um grupo ligado ao Estado Islâmico e à Al Qaeda que assumiu o poder após a queda do ditador Bashar al-Assad, em dezembro. Desde então, ele vem tentando minimizar seu passado jihadista e convencer a comunidade internacional de que vai garantir a boa convivência entre as minorias do país.

A promessa, no entanto, é colocada em xeque por episódios como o de março, quando uma onda de violência matou 1.600 civis —a maioria alauítas, em uma aparente retaliação por um ataque anterior realizado por partidários de Assad, que fazia parte desse grupo étnico—, e o da semana passada, que opôs drusos e beduínos.

A mídia estatal síria e testemunhas disseram que ataques israelenses ao longo de quarta-feira também atingiram a cidade predominantemente drusa de Sweida, onde um quarto dia de combates derrubou um frágil cessar-fogo anunciado na noite anterior. Em um comunicado, o Ministério da Defesa da Síria culpou grupos fora da lei na região por violar a trégua.

A ofensiva israelense fez a União Europeia pedir “a todos os atores externos” respeito à soberania da Síria. Em um comunicado, o bloco também afirmou estar alarmado diante dos confrontos, exigindo a proteção da população civil e o fim “do discurso de ódio e da retórica sectária”.

Na segunda (14), o governo sírio já haviam enviado tropas à região de Sweida para conter os combates entre drusos e beduínos, mas acabaram entrando em confronto com as milícias drusas. O veículo de notícias local Sweida24 disse que a cidade e vilarejos próximos estavam sob intenso fogo de artilharia e morteiros no início desta quarta.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, uma ONG sediada no Reino Unido, pelo menos 248 pessoas morreram na província síria de Sweida até agora. O balanço inclui 92 membros da minoria drusa, que tem forte presença na região, 138 agentes das forças de segurança e 18 combatentes beduínos. Entre as vítimas estariam ainda 28 civis, dos quais 21 foram executados sumariamente pelas forças do governo, de acordo com a organização.

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