Lula ficou estarrecido com operação e mandou auxiliares irem ao Rio conversar com Castro, diz Lewandowski

Episódio ocorreu enquanto Lula retornava de uma visita oficial ao continente asiático

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Lula ficou estarrecido com operação e mandou auxiliares irem ao Rio conversar com Castro, diz Lewandowski
Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

MARIANA BRASIL, VICTORIA AZEVEDO E RAQUEL LOPES – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quarta-feira (29) que o presidente Lula (PT) ficou “estarrecido” com o número de mortos na operação policial que matou mais de 100 pessoas no Rio de Janeiro.

“O presidente ficou estarrecido com o número de ocorrências fatais que se registraram no Rio e, de certa maneira, se mostrou surpreso que uma operação dessa envergadura fosse desencadeada sem conhecimento do governo federal, sem possibilidade de o governo participar com os recursos que tem, apoio logístico”, disse a jornalistas após reunião com o presidente.

“Diante desse quadro e magnitude, o presidente determinou que nos imediatamente nos dirigíssemos ao rio, eu e o diretor da Polícia Federal para nos encontrarmos com o governador do estado, o que vai acontecer ainda nesta tarde para verificarmos como podemos apoiar, não só ao Rio de Janeiro, mas o povo do Rio de Janeiro.”

O episódio ocorreu enquanto Lula retornava de uma visita oficial ao continente asiático. O presidente ficou incomunicável durante as mais de 15 horas de viagem, só tomando contato com o queocorria no Brasil ao aterrissar. A conversa desta manhã foi feita na residência oficial da Presidência, o Palácio da Alvorada, em Brasília.

Lewandowski afirmou que ainda não há dados oficiais completos sobre a operação e que, até o momento, as informações disponíveis são as divulgadas pela imprensa. Disse que irá ao Rio de Janeiro para verificar in loco o número de mortos e feridos. Segundo ele, a primeira impressão é a de que se tratou de uma ação “cruenta e violenta”, e ressaltou que será necessário avaliar se esse tipo de operação é compatível com os princípios do Estado Democrático de Direito.

Junto a ele, irá o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Roridrigues, e as ministras Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Anielle Franco (Igualdade Racial). Na véspera, havia sido definido que o ministro Rui Costa também iria, o que foi alterado após reunião com o presidente.

“É uma operação do Estado do Rio de Janeiro e não fomos comunicados de que seria deflagrada neste momento. Houve um contato anterior da inteligência da Polícia Militar com a nossa unidade no Rio para avaliar se haveria alguma possibilidade de atuarmos em algum ponto nesse contexto. A partir da análise do planejamento operacional, a equipe entendeu que não se tratava de uma operação razoável para a nossa participação.

O ministro afirmou ainda que, de início, o governo colocou vagas à disposição no sistema federal para a transferência das lideranças criminosas e se dispôs a colaborar com peritos e médicos-legistas da Força Nacional e da Polícia Federal. Segundo ele, há banco de dados de DNA e balística prontos para auxiliar na elucidação dos crimes e das mortes, que podem ser disponibilizados imediatamente. O ministro acrescentou que irá ouvir o governador para identificar as necessidades e que o governo está preparado para ampliar o contingente da Força Nacional já presente no estado.

Entre os auxiliares presentes na reunião, estão os ministros Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Macaé Evaristo (Direitos Humanos), Sidônio Palmeira (Secom), Anielle Franco (Igualdade Racial), José Múcio (Defesa), além do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues e Marcelo Freixo, presidente da Embratur e ex-deputado federal pelo Rio.

Na ausência de Lula, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, realizou na noite de terça uma reunião de emergência sobre o tema com Rui e os ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Macaé Evaristo (Direitos Humanos), Sidônio Palmeira (Secom) e Jorge Messias (AGU), além do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos de Almeida Neto.

A operação de terça foi considerada a mais letal da história do estado. Diante do fato, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL) acusou o governo federal de ter faltado com apoio à gestão estadual e negado três pedidos de ajuda às Forças Armadas.

As declarações foram rebatidas pelo ministro Ricardo Lewandowski, em coletiva de imprensa horas após o ocorrido. O Ministério da Justiça também emitiu uma nota se posicionando sobre a operação, listando ações de combate ao narcotráfico feitas pela pasta.

Já à noite, após a reunião entre os ministros em Brasília, o governo emitiu uma nova nota, voltando a negar as acusações de Castro e informando que os ministros iriam ao estado nesta quarta. O governador fluminense participou de parte da reunião por ligação telefônica.

O governo também autorizou a transferência de cerca de dez presos do Comando Vermelho para presídios federais de segurança máxima, após um pedido do governador.

De acordo com auxiliares de Lula, a reunião de terça não discutiu a possibilidade de decretar GLO (Garantia da Lei e da Ordem), medida em que o Exército tem poderes da polícia, como dar voz de prisão e realizar revistas. Medida de caráter excepcional e temporário, a GLO só pode ser decretada pelo presidente da República.

Nesta manhã, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) também se juntou ao coro de rebate às declarações de Castro, afirmando que governo do estado não tem feito “praticamente nada” com relação ao contrabando do combustível, crime ao qual o ministro atribuiu como fomentador do crime organizado

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