Taiwan diz que tem capacidade de resposta rápida e descentralizada em caso de ataque chinês

Preocupação de Taiwan é que a China converta exercícios militares ao redor da ilha em operações de guerra

Folhapress Folhapress -
Taiwan diz que tem capacidade de resposta rápida e descentralizada em caso de ataque chinês
Vista noturna de Taiwan. (Foto: Reprodução/Pexels)

VICTORIA DAMASCENO – PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – Um documento enviado pelo governo de Taiwan a parlamentares afirma que as Forças Armadas de Taipé têm capacidade de responder rapidamente e de forma descentralizada a um eventual ataque chinês, atuando em nível elevado de alerta mesmo em casos em que Pequim anuncia apenas exercícios militares conjuntos.

O documento, elaborado pelo Ministério da Defesa Nacional, será usado em uma audiência que discute focos potenciais de conflito militar no Estreito de Taiwan e a prontidão de resposta das tropas.

A preocupação de Taiwan é que a China converta exercícios militares ao redor da ilha em operações de guerra.

De acordo com o grau de ameaça, pode ocorrer a execução imediata de patrulhas de prontidão de combate, que mobilizam forças de resposta rápida treinadas para reagir a crises.

Para o próximo ano, estão previstos preparativos voltados à resposta em um cenário de guerra assimétrica, ao fortalecimento das forças de reserva, ao aumento da capacidade de resposta a ações de zona cinzenta e ao reforço da resiliência defensiva.

“Caso o inimigo lance um ataque súbito, todas as unidades atuarão sem aguardar ordens, implementando ‘controle descentralizado’ e, sob a orientação de operações ‘descentralizadas’, executarão as missões de combate”, diz o documento.

Segundo o relatório, diante da expansão e da dissuasão militar de Pequim, as Forças Armadas de Taipé trabalham na aquisição de novas tecnologias, assim como em iniciativas de construção e preparo militar.

É citado o apoio estratégico dos Estados Unidos, que embora não mantenha relações formais com a ilha é um dos principais parceiros em cooperação de defesa. Os americanos são contrários a qualquer mudança do status quo no Estreito de Taiwan, e reiteraram a posição no início do mês, quando Washington divulgou sua Estratégia de Segurança Nacional 2025.

A pasta afirma ainda que Pequim segue expandindo o poder militar “sem reduzir em nenhum momento o nível de coerção contra Taiwan”.

“As Forças Armadas, guiadas pelo princípio de ‘preparar-se para a guerra a fim de evitar a guerra’, continuam a reforçar sua prontidão operacional e respondem ativamente às diversas ações de assédio e coerção militar da China, garantindo a segurança territorial e a estabilidade regional.”

Um segundo documento, também anexado à agenda da audiência, afirma que houve aumento das incursões de aeronaves militares chinesas, chegando a um recorde histórico. Até 15 de dezembro de 2025, a China teria realizado 3.570 incursões, alta de 16,3% em relação ao ano anterior, quando totalizou 3.070.

Dessas, 39 foram realizadas em coordenação com navios, em ações descritas como patrulhas de prontidão de combate.

O segundo relatório afirma também que a guarda-costeira chinesa realiza incursões mensais ao redor de Kinmen, arquipélago administrado por Taiwan e situado próximo à costa chinesa.

“O objetivo dessas ações é testar nossos sistemas de alerta e modelos de resposta, bem como avaliar a preparação e o controle do teatro de operações no Estreito de Taiwan”, afirma o relatório.

O texto cita ainda a escalada de tensão entre China e Japão. Um dos episódios mencionados envolve aeronaves chinesas travando o radar contra caças japoneses —procedimento visto como especialmente hostil por se tratar de um passo associado à condução de engajamento.

Também é mencionada uma patrulha conjunta de Rússia e China no início de dezembro, com bombardeiros e outras aeronaves sobre áreas próximas ao Japão e às zonas de identificação de defesa aérea de países da região.

Como resposta, Washington e Tóquio realizaram seu próprio voo conjunto, com caças e bombardeiros sobre o Mar do Japão.

Os episódios são descritos como parte da escalada militar no capítulo mais recente da crise diplomática entre China e Japão, que teve como epicentrp as declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre como o país reagiria a um cenário de ataque chinês a Taiwan.
Desde então, a China exigiu retratação da governante, que não recuou.

Folhapress

Folhapress

Maior agência de notícias do Brasil. Pertence ao Grupo Folha.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

+ Notícias