Mudanças no Imposto de Renda passam a valer em janeiro; entenda os descontos
Nova faixa de isenção chega a R$ 5 mil e cria desconto gradual para rendas intermediárias a partir de 2026
A partir de janeiro de 2026, o Imposto de Renda entra em uma nova fase no Brasil. A reforma sancionada no fim de 2025 altera de forma significativa quem paga, quanto paga e como o cálculo é feito — especialmente para trabalhadores de renda baixa e média.
As novas regras começam a valer imediatamente, mas seus efeitos serão sentidos na declaração entregue em 2027, referente aos rendimentos de 2026.
O ponto mais visível da mudança está na ampliação da faixa de isenção. Pela nova legislação, quem recebe até R$ 5 mil por mês ficará totalmente livre do Imposto de Renda, um salto expressivo em relação ao limite anterior, que contemplava apenas quem ganhava até dois salários mínimos. Segundo estimativas da Receita Federal, cerca de 16 milhões de contribuintes deixarão de pagar o imposto.
Para quem ultrapassa esse valor, mas ainda não alcança rendas mais elevadas, a reforma criou uma zona intermediária. Contribuintes com ganhos mensais entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 terão direito a um desconto progressivo, que diminui gradualmente conforme a renda aumenta.
A ideia é evitar os chamados “saltos tributários”, quando um pequeno aumento salarial resulta em um imposto muito maior.
Na prática, quanto mais próximo o salário estiver do teto da isenção total, maior será o abatimento. À medida que a renda se aproxima de R$ 7.350, esse benefício vai sendo reduzido até desaparecer por completo. Acima desse valor, o contribuinte passa a ser tributado normalmente pela tabela progressiva, cujas alíquotas seguem variando de 7,5% a 27,5%.
Simulações divulgadas pelo governo mostram o impacto direto no bolso. Um trabalhador que recebe cerca de R$ 5.500, por exemplo, verá o imposto mensal cair de forma significativa, com redução próxima de 75%.
Já para quem ganha R$ 6.500, a economia anual pode ultrapassar R$ 1.400. Conforme a renda sobe, o alívio diminui, até ser eliminado por completo.
Apesar disso, especialistas alertam que o efeito real da reforma dependerá da situação individual de cada contribuinte. Outras fontes de renda, como bônus e comissões, além das deduções permitidas — dependentes, previdência e gastos dedutíveis —, podem alterar o cálculo final do imposto na declaração anual.
Para equilibrar a perda de arrecadação com a ampliação da isenção, a reforma introduziu uma contrapartida voltada aos mais ricos. Foi criado o Imposto de Renda da Pessoa Física Mínimo (IRPFM), que incide sobre rendimentos anuais acima de R$ 600 mil.
A alíquota mínima efetiva cresce de forma progressiva até chegar a 10% para quem ganha mais de R$ 1,2 milhão por ano.
Nem todos os rendimentos entram nesse cálculo. Aplicações como poupança, LCI, LCA, heranças e indenizações por doença grave continuam fora da base do imposto mínimo. Além disso, valores já tributados na fonte, como salários elevados, poderão ser compensados na apuração final.
Outra mudança relevante está na tributação de dividendos. A partir de 2026, pagamentos acima de R$ 50 mil por mês, feitos por uma única empresa a uma pessoa física, sofrerão retenção de 10% na fonte.
A regra mira principalmente grandes sócios e empresários que recebiam dividendos isentos. O valor retido poderá ser compensado na declaração anual.
Com isso, a reforma redesenha o sistema do Imposto de Renda ao aliviar a base, criar transições mais suaves e concentrar maior cobrança sobre rendas muito altas. Para o contribuinte comum, 2026 marcará o início de um novo cálculo — e, para muitos, de um imposto menor no fim do mês.
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