Conheça a história por trás do ‘misterioso armário’ solidário do Jundiaí
Armário se tornou um ponto de apoio para a população em geral, e também para moradores de rua e andarilhos, que frequentemente visitam o local
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Uma proposta de solidariedade chama a atenção no bairro Jundiaí, região nobre de Anápolis. Posicionado na calçada de um imóvel, um armário com uma placa simples, mas impactante, convida os transeuntes a contribuir: “Armário solidário. Se puder, deixe, se precisar, leve”. A iniciativa, registrada em fotos, busca equilibrar as necessidades de uns com as sobras de outros, oferecendo apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade.
O projeto foi idealizado por Sílvio Melo, de 72 anos, que se inspirou durante uma viagem a Uberaba (MG). “Lá eu vi um armário solidário na frente de um comércio e pensei: vou colocar um na frente de casa também. No início era de madeira, mas apodreceu, então coloquei uma geladeira velha. Essa está durando bem mais”, relembra.
Sílvio mantém o armário há cerca de oito anos e afirma que a ideia tem recebido apoio dos moradores da vizinhança. Segundo ele, além de roupas e sapatos, o armário acolhe livros, materiais escolares e outros itens. “As pessoas deixam de tudo. Mas o que mais sai rápido são roupas e sapatos. Às vezes, não ficam nem por meio dia lá”, conta.
O armário se tornou um ponto de apoio para a população em geral, e também para moradores em situação de rua e andarilhos, que frequentemente visitam o local. “Eu quase não vejo quando pegam, mas sei que muitos vêm aqui buscar algo. É bom saber que está ajudando”, diz o idealizador. Ele também destaca o papel dos vizinhos na preservação do espaço: “Tem gente que tenta estragar, mas os vizinhos da frente vigiam e ajudam.”
O conceito de armário solidário já é adotado em diversas partes do mundo e propõe uma troca acessível e direta, sem intermediários. No caso de Anápolis, a iniciativa se destaca em uma região que, embora considerada nobre, também apresenta um número expressivo de pessoas em situação de vulnerabilidade.
A inspiração de Sílvio reflete uma filosofia de reaproveitamento e empatia. “A gente joga muita coisa fora que ainda serve para outros. Não serve para nós, mas pode ser útil para alguém. Se tivesse um armário desses em cada ponto da cidade, acho que as pessoas viveriam melhor”, opina.