CNU 2025, o Enem dos Concursos, terá 3.352 vagas e salários de até R$ 16 mil
Previsão do governo é abrir inscrições em julho e aplicar provas em duas etapas, nos meses de outubro e dezembro


FÁBIO PUPO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O CNU (Concurso Público Nacional Unificado), o Enem dos Concursos, ofertará em sua segunda edição 3.352 vagas com salários iniciais de até R$ 16 mil. De acordo com o calendário divulgado nesta segunda-feira (28), a previsão do governo é abrir as inscrições em julho e aplicar as provas em duas etapas, em outubro e dezembro.
Do total, serão 2.180 vagas imediatas (sendo 1.672 de nível superior e 508 de nível intermediário) e outras 1.172 integrarão o grupo que o governo batizou de “provimento de curto prazo”. A diferença deste segundo grupo é que o número exato ainda está sendo calculado. Apesar de o nome dar a entender que a convocação dos aprovados será feita em épocas diferentes para cada um dos dois grupos, o governo diz que o chamamento será feito de forma concomitante.
Entre as vagas, estão 250 de analista técnico de desenvolvimento socioeconômico e outras 250 de analista técnico de defesa e justiça -todas no Ministério da Gestão. Também devem ser contemplados cargos em ministérios como o do Desenvolvimento Agrário (64), o da Pesca (34) e o da Fazenda (30).
Agências reguladoras também estão na lista, como ANM (Agência Nacional de Mineração), com 80; ANP (Agência Nacional de Petróleo), com 66; e Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), com 60.
As vagas serão para 35 órgãos, distribuídos em nove blocos temáticos. Como há carreiras transversais, na prática o concurso pode atender a mais blocos que o originalmente divulgado. A sistemática de inscrição de 2024 será repetida, com ao candidato se inscrevendo em determinado bloco.
O governo afirma que a definição das vagas é feita a partir de um dimensionamento da força de trabalho. É levado em conta principalmente o serviço que o Estado precisa entregar à população, além de quantos e quais servidores o Estado demanda para isso.
A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, defendeu os concursos diante da perda de pessoal nos últimos anos, em especial devido a aposentadorias. Entre 2010 e 2023, 246 mil servidores passaram para a inatividade e a previsão para os próximos dez anos é de mais 180 mil.
Dweck também disse que a iniciativa precisa ser permanente, para evitar uma perda muito grande de pessoal e, por consequência, de conhecimento entre gerações. Ela afirma também que as contratações não vão elevar o gasto com pessoal no Executivo federal sobre o PIB (Produto Interno Bruto), uma relação hoje de 2,6%.
“É possível aliar a responsabilidade fiscal a um bom serviço público federal, mantendo uma entrada contínua e evitando uma coisa muito ruim que são aqueles ciclos geracionais, com um concurso a cada dez anos”, afirmou. ”
[Nesses casos] chega em um momento que quase um terço da instituição se aposenta, e se perde aquele conhecimento. Então o ideal é que a gente tenha a entrada contínua, com pouca gente, mas entrando de forma contínua”, disse.
De acordo com o ministério da Gestão, a grande novidade da edição de 2025 é que as provas serão aplicadas em duas fases, sendo que a primeira (objetiva) habilitará os candidatos aprovados para a segunda (discursiva). O número de convocados de uma etapa para outra será de nove vezes o número de vagas de cada cargo, tanto para a ampla concorrência como para vagas reservadas.
Dweck afirmou que o concurso com duas etapas dará tempo para maior tempo e profundidade na avaliação, com maior número de perguntas nas provas. A edição anterior teve ambos os testes, o objetivo e o discursivo, aplicados no mesmo dia (um pela manhã e outro à tarde), o que levou a uma limitação na quantidade de questões.
“A nossa visão é ter uma prova discursiva mais longa e fazer a prova num dia separado para também ter mais questões na prova objetiva. Então, a gente terá provavelmente mais questões na prova objetiva e uma prova discursiva um pouco mais longa também. A nossa visão é que isso vai ajudar também na seleção das pessoas”, afirmou.
De acordo com o calendário previsto, o edital e as inscrições serão em julho de 2025. A prova de objetiva está prevista para 5 de outubro, na parte da tarde. A prova discursiva para os habilitados na primeira fase tem previsão para cerca de dois meses depois, em 7 de dezembro. As provas devem ser aplicadas em 228 cidades. E a divulgação dos resultados deve ocorrer em fevereiro de 2026.
Outra novidade da prova é a inclusão de códigos de barras identificando individualmente o candidato em todas as páginas das provas, para evitar erros e fraudes. Segundo Dweck, apenas máquinas, e não humanos, conseguirão saber quem é o candidato.
O primeiro CNU, ocorrido em agosto do ano passado, foi o maior concurso público da história. Foram 2,1 milhão de inscritos, dos quais 970 mil fizeram a prova. Os candidatos disputaram 6.640 vagas para 21 órgãos federais, com salários iniciais de até R$ 22,9 mil.
O resultado final foi publicado em fevereiro. Mais da metade (52%) dos aprovados não tem experiência no setor público. As 6.640 vagas para servidores efetivos trazidas na primeira edição representam, sozinhas, a maior contratação da administração pública federal dos últimos dez anos.
O governo federal já autorizou a nomeação de 4.330 candidatos aprovados no CNU de 2024. Com isso, 16 órgãos e entidades federais já podem iniciar a contratação em cargos que não exigem curso de formação. Outra parte ainda deve concluir as aulas.
O primeiro CNU é independente do segundo, e as duas seleções são direcionadas para cargos distintos. Cada um tem prazo de validade de dois anos, podendo, portanto, serem chamados mais candidatos conforme a demanda.
CALENDÁRIO PREVISTO DO CNU DE 2025
– Edital e inscrições: Julho/25.
– Prova objetiva: 05/10/25.
– Prova discursiva (habilitados da 1ª fase): 07/12/25.
– Divulgação de resultados: Fevereiro/26.
VAGAS
– Ministério da Gestão (analista técnico de desenvolvimento socioeconômico: 250 vagas (superior)
– Ministério da Gestão (analista técnico de defesa e justiça): 250 vagas (nível superior)
– Ministério das Cidades: 15 vagas (superior)
– Ministério do Desenvolvimento Agrário: 64 vagas (superior)
– Ministério do Turismo: 8 vagas (superior)
– Ministério da Integração: 10 vagas (superior)
– Ministério da Fazenda: 30 vagas (superior)
– Ministério da Pesca: 33 vagas (superior)
– Agências reguladoras
– ANP: 50 (superior) e 16 (nivel intermediário)
– Anac: 70 (intermediário)
– Anatel: 50 (intermediário)
– ANM: 80 (intermediário)
– ANS: 20 (intermediário)
– Antaq: 30 (intermediário)
– ANTT: 50 (intermediário)
– Anvisa: 14 (intermediário)
– Comando da Aeronáutica: 90 (superior)
– Comando do Exército: 131 (superior)
– Comando da Marinha: 140 (superior)
– Hospital das Forças Armadas: 100 (superior) e 30 (intermediário)
– Fundacentro: 65 (superior)
– ITI: 50 (superior)
– Imprensa Nacional: 14 (superior)
– Enap: 21 (superior)
– Iphan: 60 (superior)
– Fundação Biblioteca Nacional: 14 (superior)
– Fundação Cultural Palmares: 10 (superior)
– Fundação Joaquim Nabuco: 20 (superior)
– Funarte: 28 (superior)
– Ibram: 28 (superior)
– Ancine: 10 (superior)
– Into: 61 (superior) e 33 (intermediário)
– INC: 52 (superior) e 23 (intermediário)
– Inca: 30 (superior) e 54 (intermediário)
– IEC: 28 (superior) e 10 (intermediário)
– Centro Nacional de Primatas: 10 (superior) e 18 (intermediário)
– Ministério da Gestão: 172 (superior, para provimento de curto prazo)
– Analista Técnico Administrativo: 1.000 (superior, para provimento de curto prazo)