Demissão silenciosa: conheça fenômeno que redefiniu as relações de trabalho
Esse comportamento ganhou força após a pandemia, quando muitas pessoas passaram a repensar suas prioridades


Você já ouviu falar em demissão silenciosa? Esse termo vem ganhando cada vez mais espaço nas conversas sobre trabalho e está transformando a forma como empresas e profissionais se relacionam.
Apesar do nome sugerir uma saída discreta do emprego, na prática, a demissão silenciosa é algo bem diferente — e pode estar acontecendo ao seu redor agora mesmo, sem que ninguém perceba.
Estamos falando de um movimento em que os funcionários continuam em seus cargos, mas deixam de se engajar com a empresa. Fazem apenas o básico, sem se envolver além do necessário.
Demissão silenciosa: conheça fenômeno que redefiniu as relações de trabalho
A demissão silenciosa, também chamada de quiet quitting, acontece quando o colaborador cumpre apenas o que está previsto em seu contrato, sem ir além. Nada de horas extras, nenhum esforço fora do escopo, e um foco maior em sua vida pessoal.
Isso não significa falta de profissionalismo, mas sim uma mudança de atitude diante de uma cultura de sobrecarga e falta de reconhecimento.
Esse comportamento ganhou força após a pandemia, quando muitas pessoas passaram a repensar suas prioridades.
Hoje, a nova geração valoriza qualidade de vida, saúde mental e equilíbrio. E quando não encontra isso no trabalho, recua.
Mas por que isso é importante? Porque a demissão silenciosa está custando caro.
De acordo com a pesquisa State of the Global Workplace 2024, da Gallup, esse fenômeno tem impacto direto de US$ 8,9 trilhões na economia global, o equivalente a 9% do PIB mundial.
Os sinais da demissão silenciosa
É preciso ficar atento aos sinais. Funcionários que antes eram proativos e agora evitam reuniões, não propõem ideias ou demonstram queda de produtividade, podem estar passando por esse processo. E ignorar esses sinais pode levar à perda de talentos importantes.
Segundo a professora Cláudia Cardoso, especialista em Recursos Humanos e Psicologia da Estácio, a falta de reconhecimento, de escuta e de oportunidades reais de crescimento são gatilhos para esse comportamento.
E, em muitos casos, o problema começa com lideranças despreparadas, que não conseguem dialogar com suas equipes ou oferecer uma gestão humanizada.
O papel da liderança
Líderes técnicos, mas com baixa habilidade comportamental, tendem a afastar os colaboradores. É essencial que eles sejam preparados para lidar com pessoas, e não apenas com resultados. Treinamento, escuta ativa e empatia são ferramentas fundamentais para manter os profissionais engajados.
Cláudia alerta: “Se a liderança não souber ouvir e apoiar sua equipe, a consequência será o aumento de pedidos de demissão e dificuldades para atrair novos talentos”.
O que os profissionais querem hoje
As expectativas mudaram. Profissionais buscam empresas que ofereçam:
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Flexibilidade de horário;
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Opções de trabalho remoto ou híbrido;
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Crescimento profissional (horizontal ou vertical);
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Feedback contínuo;
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Saúde emocional e reconhecimento;
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Ambiente de trabalho seguro e acolhedor.
Hoje, o funcionário escolhe a empresa, e não o contrário. E quando percebe que não está sendo valorizado, prefere procurar outro lugar.
Como as empresas podem agir
Uma ferramenta simples, mas muito útil, é a pesquisa de clima organizacional. Ela ajuda a identificar o nível de satisfação dos colaboradores e deve ser feita com frequência — mas sempre acompanhada de ações práticas. De nada adianta perguntar o que o funcionário quer se não houver mudanças reais depois.
Além disso, ações como:
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Apoio psicológico;
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Programas de capacitação;
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Plano de carreira transparente;
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Benefícios como vale-cultura, auxílio academia e seguro saúde;
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Investimento em equipamentos e ergonomia no home office;
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Políticas de diversidade e inclusão.
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