Berlim pede que população não deixe comida para ratos e vai emitir multas de até R$ 160 mil

Ratos já fazem parte da paisagem urbana de Berlim: correm entre os trilhos do metrô e atravessam ruas em plena luz do dia

Folhapress Folhapress -
Rato na floresta.
Rato na floresta. (Foto: Ilustração/Pexels/Denitsa Kireva)

ISABELLA MENON

BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – “Não alimentem os ratos“, alertam cartazes em alemão, turco e inglês na Hermannplatz, em Berlim. O aviso busca conscientizar quem passa pela movimentada praça de que alimentar pássaros, jogar comida no chão ou descartar lixo de forma inadequada contribui diretamente para o aumento da população de roedores na região.

A Hermannplatz, localizada no distrito de Neukölln, abriga uma feira gastronômica popular, e autoridades temem que a constante presença de ratos possa levar doenças aos presentes —estima-se que o animal é capaz de transmitir 100 tipos de doenças, e as mais comuns são hepatite, tuberculose, raiva, tifo exantemático e febre tifoide, além de salmonelose, infecção causada pela bactéria salmonella.

As novas advertências fazem parte de um pacote de novas medidas para conter a infestação de ratos no local, que inclui multas de até € 25 mil (cerca de R$ 160 mil).

Na tarde desta sexta-feira (27), comerciantes desmontavam suas barracas enquanto um deles ainda vendia café. “Eles [os ratos] estão por toda parte”, comentou um deles à Folha, pedindo para não ser identificado.

A poucos metros dali, outro feirante reconhece o problema, mas reage com indiferença. Para ele, a presença de ratos é algo comum em grandes cidades —especialmente em regiões com muita comida exposta e lixo nas ruas. Morador da zona sul de Berlim, relata que enfrenta o mesmo problema perto de casa e admite que, ao alimentar pássaros no jardim, acabou atraindo os roedores.

Ratos já fazem parte da paisagem urbana de Berlim: correm entre os trilhos do metrô e atravessam ruas em plena luz do dia. Em Neukölln, as tentativas anteriores de controle com iscas envenenadas não surtiram efeito. O principal obstáculo, segundo autoridades locais, é o fácil acesso a alimentos. Por isso, a partir de 1º de julho, será proibido alimentar ratos direta ou indiretamente, por meio do descarte inadequado de alimentos, rações ou resíduos comestíveis.

Uma nota publicada no site oficial da cidade reforça que a alimentação de aves ou outros animais —como os de estimação— só será permitida se for garantido que os ratos não tenham acesso aos alimentos ou restos.

“Todo resíduo de comida deve ser removido imediatamente após a alimentação”, afirma a diretriz do distrito de Neukölln. O texto também orienta que o lixo seja descartado de maneira segura, preferencialmente em recipientes apropriados para resíduos domésticos. “Alimentos devem ser armazenados de forma que fiquem fora do alcance dos roedores.”

Em um nota divulgada pelo site de Berlim, o vereador distrital para assuntos sociais e saúde de Neukölln, Hannes Rehfeldt, afirma que as medidas adotadas nos últimos anos para reduzir a população de ratos não surtirão efeito enquanto houver tanta oferta de alimento na Hermannplatz.

“Somos nós, seres humanos, que criamos as condições ideais para a proliferação desses animais. O tamanho dessa população depende diretamente do nosso comportamento. Por isso, a mensagem do governo distrital é clara: não alimente os ratos.”

Além das sanções e da campanha de conscientização com cartazes, a cidade estuda implementar mudanças estruturais na Hermannplatz, com o objetivo de eliminar possíveis locais de nidificação – isto é, construção de ninhos – dos ratos.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade