Não perca seu tempo defendendo religioso porque ele é “ungido”

Carlos Henrique Carlos Henrique -

Esse ano de 2016 já está valendo por cinco anos inteiros. Os fatos que sucedem vão ficando cada vez mais esdrúxulos.  Quem não tem sua vida firmada na fé, esperança e amor, se deixa levar facilmente por essas ondas de decepções.

Quando a gente pensa que já viu de tudo aparece mais. Não que eu fique escandalizada, mas triste. E o que me entristece é que o cinismo tomou conta de ambientes que “clara-mente” era de onde se deveria zelar pela verdade do Evangelho de Cristo.

Com certeza todos se lembram daquela famosa intimidação que um pastor famoso fez diante dos seus fiéis: “Quem é que toca no ungido do Senhor e fica impune? Ungido do Senhor é problema do Senhor!” “Teu pastor é ladrão? Teu pastor é pilantra? Você não tá gostando? Sai de lá e vai para outra igreja! Não se mete nisso não que não é da sua conta não.” Como cristã me entristece o fato de muitos se utilizarem de versículos bíblicos como o “não julgueis e não toque no ungido” para não se comprometer com um assunto sério e que envolve um pastor.

Não entrarei no mérito da questão dele ter sido levado coercitivamente pela Polícia Federal para prestar depoimento sobre denúncias em relação a ele; afinal a verificação de todos os fatos compete a um juiz. Mas por favor, não sejamos seletivos em nossos julgamentos. Muitos dos que foram apontados nas operações da PF estão sendo colocados na berlinda, julgados e excomungados ao inferno por esses mesmos que dizem que não se pode julgar. Se tornar pastor não o torna melhor nem especial que ninguém, pelo contrário, a responsabilidade e a coerência devem ser sua escolha pra vida.

O problema é essa mania que as pessoas têm de “endeusarem” um ser humano, de colocarem em um pedestal de “unção”, de acobertarem seus erros grotescos de ensinos desprezíveis – além de ser nojenta a seletividade cristã, faz com que o engano prevaleça e enraíze na mente dos incautos.

Jesus ensinou que não devemos julgar, então em hipótese alguma podemos dizer algo sobre a vida de quem quer que seja a respeito de sua existência, de suas decisões pessoais, e muito menos julgar seu direito à individuação. Posso ter opiniões, mas jamais exercer juízos pessoais. Quem conhece e sonda o coração do próximo? Quem sabe o que é ser ele e o porquê de suas decisões? Não devemos exercer juízos baseados em achismos por se sentir bom demais pra ser verdade. Quem tem o direito de controlar a vida de alguém e julgá-lo por ter o direito de escolha? Então, fica bastante óbvio que não podemos julgar a existência de ninguém – até porque da mesma forma e com a mesma balança que julgares, será por ela também julgado. Mas Jesus ao tempo que diz que não podemos julgar, nos manda discernir. E se discerne a árvore pelos seus frutos. Não se julga ninguém àquilo que lhe concerne e que lhe é pessoal, mas pela declaração que faz e que induz os outros, levando-os ao engano em nome de Deus.

Não se engane o ramo não dá frutos por si só! Somente frutifica quem está enxertado na Videira! E aquele que está enxertado na Videira produz fruto do Espírito, que não se parece nenhum pouco com a cobiça desenfreada que Mamom incita naqueles que o servem. Pra esses, Jesus declara: Ai! Ai de vós raça de víboras! São essas pessoas os alvos da condenação de Jesus em relação à hipocrisia e falsidade em que se deleitavam.

Pastores que envolvem seus fiéis com seus pseudos evangelhos, que escarnece da cruz, que nega a Jesus, que denigre a verdade do Evangelho, que tripudiam na morte e ressurreição de Cristo, os vendilhões da fé, que enchem seus bolsos ao custo da lã das ovelhas – esses, Jesus manda discerni-los para que não sejamos engolidos pela sua garganta sedenta por riquezas, pela sua cobiça e pela sua loucura de grandeza. Transformar o evangelho em mercado e produtos gospel em patuás de unção, só mostra o quanto esse comércio lucrativo é pagão e tentador a quem acredita ter encontrado seu baú dos tesouros.

Não só podemos como devemos diferenciar de forma nítida qualquer um que fale em nome de Deus. Precisamos nos acautelar desses, a fim de que não sigamos o mesmo caminho que nada tem a ver com Cristo. Paulo ainda diz mais, nos manda denunciar todos os que falsificam o Evangelho, que seja anátema! A questão não é acusar uma pessoa, mas deixar claro que seu ensino não é verdadeiro e não casa de jeito nenhum com o que Cristo ensinou.

Pessoas que agatunham dos fiéis, que distorcem propositadamente a Palavra tudo em nome de uma teologia falsa – a teologia da prosperidade – não devem ser defendidos em suas heresias! Entristece-me e minha alma fica angustiada de saber que muita gente sedenta pela Água da Vida, entram nesses templos suntuosos, esperando receber algo que as alivie de suas dores existenciais, de suas dúvidas, medos, temores e de lá saem tosquiadas até a pele! Pessoas que procuram por Jesus, mas recebem lavagem pra comer! Pessoas que buscam soluções para sua existência, mas precisam pagar para obtê-la! Pessoas que procuram a Verdade e encontram engano!

Quando me lembro de Judas e de seu surto por vender Jesus, acredito que sua alma orgulhosa e cheia de remorso já estava enforcada antes mesmo de decidir morrer. Talvez pra ele a morte fosse melhor do que enxergar-se pelo resto de sua vida sabendo o quanto sua atitude foi desprezível. Hoje se vende Jesus e a soberba é tanta que sentem orgulho em fazê-lo; errado é quem não compra!

Não fico admirada que ele tenha sido alvo da Polícia Federal, independente se é culpado ou não. Também não me admira alguém que coloca ladrão na posição de “ungido” ser chamado pra depor. A pessoa que confessa a teologia da prosperidade como destino único e infalível pra vida nunca precisou ser desmoralizado, de fato ele mesmo se desmoraliza quando abre mão da Verdade Simples e Imutável do Evangelho pra ficar de quatro pra Mamom, enquanto enche o bolso a base de barganha e distorções execráveis da Palavra. Esse é o preço que se paga por negar a Verdade, enquanto se sente o dono inalienável dela! Mesmo que falsificada, que fique claro.

Deniza Zucchetti é professora por vocação, quase Relações Internacionais, escritora por amor nas horas vagas e mãe de dois lindos filhos em período integral. Escreve todos os sábados.

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