Após morte da mãe, Justiça de Goiás permite que irmãs incluam nome de madrasta nos documentos
Jovens a consideram como uma segunda mãe e faziam questão de serem registradas no nome das duas
Um caso emocionante está chamando atenção nas redes sociais. Se trata de quatro irmãs que conseguiram na Justiça o direito de acrescentar nos documentos pessoais o nome da madrasta.
Atualmente, três delas moram em Goiânia e uma nos Estados Unidos.
Ao G1, Raiane Karuelle Maia Carrijo e Anauana Maia Carrijo Viana contaram que Adailza Maia da Silva Viana, a mãe biológica, morreu aos 43 anos, vítima de um infarto, quando as quatro ainda eram crianças. Após um tempo, o pai apresentou a elas a enfermeira Inácia Araújo Silva Viana.
“Meu pai chegou em casa com a Inácia, sentou a gente na sala e disse: ‘Minhas filhas, vou contar uma novidade, estamos namorando’. Saí da sala, fui para o meu quarto e comecei a chorar”, relembrou Raiane.
Apesar de ter sido um choque para as crianças, Inácia acabou conquistando o amor delas e se tornando não apenas uma madrasta e sim uma segunda mãe.
“A gente fala que da nossa mãe biológica a gente nasceu da barriga e da Inácia, do coração. Ninguém substitui ninguém, mas ela soma de uma maneira tão linda, tão própria, que a gente, de fato, tem duas mães”, disse Anauana.
Após se formar em direito, já em 2016, Anauana decidiu junto às irmãs recorrer ao judiciário para conseguir a inclusão do nome da enfermeira nos documentos.
“Entramos com uma ação de maternidade socioafetiva, culminada com alteração do registro de nascimento de modo que mantivesse o nome da nossa mãe biológica e acrescentasse o nome da nossa mãe socioafetiva, foi um desafio porque era uma novidade até para o Judiciário compreender o que a gente queria”, relatou Anauana.
A conquista ocorreu em março deste ano, quando as quatro enfim conseguiram autorização para acrescentarem nos documentos o nome da segunda mãe. Tanto amor surpreendeu Inácia, que ficou emocionada com a ação das filhas.
“Não tem palavras que consigam demonstrar o que é ver o meu nome ali. É simplesmente a concretização do amor”, desabafou.
Até o momento, o nome de Inácia só não está registrado na Carteira de Habilitação de Raiane, que ainda não conseguiu a mudança devido ao sistema do Detran Goiás ter espaço apenas para dois nomes na filiação.
No entanto, o pedido da jovem já foi encaminhado ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para que o campo de inclusão seja criado.