O anúncio feito pelo primeiro ministro da Inglaterra que dá inveja ao Brasil nesta pandemia

País tem o primeiro dia sem mortes pela covid-19 desde julho do ano passado

Folhapress Folhapress -
O anúncio feito pelo primeiro ministro da Inglaterra que dá inveja ao Brasil nesta pandemia
(Foto: divulgação/Leon Neal)

Ana Estela de Sousa Pinto, de Bruxelas, Bélgica – Abraços em pessoas próximas serão liberados na Inglaterra, afirmou o primeiro-ministro Boris Johnson nesta segunda 10/05, o primeiro dia sem mortes por Covid-19 registradas desde julho do ano passado.

De acordo com o premiê, “orientações sobre como encontrar a família e amigos serão atualizadas, e o público poderá tomar decisões pessoais informadas sobre o contato próximo, como abraços”.

As recomendações sobre distanciamento social serão anunciadas na próxima segunda, mas Boris afirmou que, “graças ao sacrifício dos que fecharam seus estabelecimentos e ficaram em casa”, a Inglaterra estava entrando agora numa fase em que “cada um assumirá as responsabilidades por seus atos, sem seja o governo a dizer o que se pode e não fazer”.

“É preciso apenas saber que abraços são uma forma de transmitir o vírus, e ponderar se quem você quer abraçar corre riscos. Já foi vacinado? Tomou as duas doses? Já houve tempo para desenvolver defesas?”, disse ele durante o anúncio.

A uma pergunta sobre se ele estava ansioso para voltar a abraçar as pessoas, Boris respondeu que “quem quer que ele abrace, o fará com cautela e moderação”.

Com a pandemia progressivamente sob controle na Inglaterra, o governo anunciou que cinemas, teatros e hotéis vão reabrir, e bares e restaurantes poderão receber clientes em seus salões a partir da próxima segunda 17/05
Até seis pessoas de duas famílias diferentes podem se reunir em casa, e, ao ar livre, o máximo foi ampliado para 30 pessoas.

O premiê preferiu não responder a uma pergunta do público sobre quando ele voltaria a apertar as mãos – no começo da pandemia, quando Boris ainda minimizava o perigo da Covid-19 e medidas de restrição de contágio, ele declarou em público que “estava apertando as mãos de todo mundo”. Nesta segunda, respondeu apenas: “Vamos detalhar claramente os riscos, e cada um tomará suas decisões”.

Boris afirmou que a passagem da Inglaterra para uma nova fase de relaxamento é possível porque o país continua cumprindo as quatro condições estabelecidas: vacinação crescente, contágio em queda, hospitalização decrescente e variantes sob controle.

Primeiro país a aprovar o uso de imunizantes contra o coronavírus e lançar campanhas de vacinação em massa, o Reino Unido já deu ao menos a primeira dose a 66% de sua população adulta (52% da população total) e um terço dos adultos já tomaram as duas doses, o que equivale a mais de 15 milhões de pessoas só na Inglaterra.

De acordo com o governo britânico, os números do país mostraram que uma única dose da vacina de Oxford/AstraZeneca reduziu entre 55% e 70% os casos de Covid-19 sintomáticos e de 75% a 85% as hospitalizações e mortes. Dados preliminares mostram uma queda de até 95% após a segunda dose da vacina.

Com isso, o país se destacou de outras grandes nações da Europa no combate à pandemia. Na semana passada, sua taxa de contágio era 15% da da Alemanha, o mais rico país europeu, e o índice de mortes em relação à população estava em um décimo do do alemão. O número de doentes hospitalizados, que bateu nos 40 mil em janeiro deste ano, caiu a 1.152 na semana passada.

Segundo o diretor médico da Inglaterra, Chris Witty, outras variantes que não a B.117 (identificada na cidade inglesa de Kent) são menos de 5% do total no momento, mas o governo está seguindo de perto uma das sublinhagens notificadas pela Índia, a B.1617.2.

Embora só 520 casos dessa variante tenham sido sequenciadas no país, esse número vem crescendo, de acordo com Witty. Na semana passada, o governo britânico a classificou como “variante de preocupação”. Nesta segunda, a líder técnica da OMS Maria Van Kerkhove disse que informações preliminares indicamque a B.1617.2 é mais contagiosa que o coronavírus original.

Apesar dos novos relaxamentos, Patrick Vallance, principal conselheiro científico de Boris Johnson, afirmou que ainda é cedo para dizer se este foi o último confinamento na Inglaterra: “Em meados de junho, teremos uma ideia melhor do impacto dessas medidas. Mas sabemos que as vacinas estão tendo um grande impacto. As coisas estão apontando na direção certa”.

O governo britânico afirmou não descartar um reforço de vacinação contra Covid-19 no próximo outono do hemisfério norte (a partir de setembro).

Com a proximidade do verão, outros países europeus também começaram a relaxar suas restrições de circulação e contato social, embora suas campanhas de vacinação ainda estejam atrás da britânica e seus números de casos de Covid-19 e mortes, bem superiores.

Nesta segunda, a Irlanda anunciou que reabrirá na segunda as lojas não essenciais e, a partir de 2 de junho, hotéis e hospedarias. Todos os pubs e restaurantes poderão servir ao ar livre a partir de 7 de junho.

A meta do governo irlandês é que 80% das pessoas recebam a primeira injeção até o final de junho – no momento, essa fatia está em 26%.

A Alemanha liberou na semana passada e, neste final de semana, a Espanha encerrou seu estado de emergência e a Bélgica reabriu bares e restaurantes fechados desde o ano passado.

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