Polícia apreende McLaren, Lamborghini e Maserati de empresário morto pelo filho em SP
Os veículos foram apreendidos, segundo a polícia, para a realização de perícia e também para a verificação sobre a origem do dinheiro usado para a compra deles
A Polícia Civil apreendeu três carros importados de luxo, pertencentes ao empresário de 42 anos morto pelo filho em um condomínio de Valinhos (85 km de SP).
O crime ocorreu na tarde de terça-feira (03). De acordo com a polícia, um adolescente de 15 anos matou o pai com três tiros. Segundo ele, a mãe era vítima frequente de agressões, físicas e psicológicas impostas pelo pai. O homem era conhecido na cidade por circular com carros de luxo e colecionar armas.
Os carros apreendidos são um esportivo Maserati Levante, ano 2017, avaliado em R$ 638.662,00, e um Lamborghini Gallardo, ano 2009, que, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), vale R$ 783.776,00. O terceiro veículo é um superesportivo McLaren, cujo ano e modelo não foram informados.
Os veículos foram apreendidos, segundo a polícia, para a realização de perícia e também para a verificação sobre a origem do dinheiro usado para a compra deles. O alto padrão em que a família vivia também é alvo da investigação.
A polícia também apreendeu no imóvel um fuzil calibre 556, duas pistolas calibre 9 milímetros, duas pistolas calibre 380, outra calibre ponto 40, dois revólveres calibre 4,5 milímetros e calibre 357, além de 15 carregadores, sendo cinco de fuzil e o restante de pistolas.
Das armas apreendidas foram encontrados os registros de dois revólveres e de uma pistola. A legalidade dos outros armamentos não havia sido confirmada pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) até a publicação desta reportagem.
“Nossa função é apurar o homicídio, ou seja, a autoria, que já está esclarecida. A materialidade, também, pois a arma do crime já foi apreendida. Agora, vamos apurar as circunstâncias em que isso ocorreu”, afirmou o delegado José Henrique Ventura, diretor do Deinter-2 de Campinas (Departamento de Polícia Judiciária do Interior 2).
O delegado acrescentou que “provavelmente em breve” a reconstituição do caso será agendada, para que a delegacia entenda os motivos que levaram à morte do empresário. “Tanto o menino quanto a mãe afirmaram estar à disposição. Isso vai ajudar a entender o passo a passo [do homicídio] e verificar se há uma sintonia entre as etapas”, afirmou.
O advogado Rafael Oliveira Berti, defensor do adolescente, foi procurado nesta quarta-feira (04) e, por meio de um funcionário, afirmou que não iria se manifestar sobre o caso.
O filho e a mulher do empresário, de 35 anos, declararam em depoimento na delegacia de Valinhos, que a vítima teria apontado uma arma de fogo na direção da cabeça de ambos, quando estava no escritório da residência, na noite que antecedeu o crime, “dizendo que ia matá-los.”
Após isso, ainda de acordo com o relato de mãe e filho, o homem teria saído de casa, retornando na manhã de terça, quando uma nova discussão teria ocorrido entre os três, com mais ênfase com mulher, “já que as discussões e a violência doméstica eram constantes”, conforme diz trecho do depoimento.
Em seguida, segundo a polícia, o homem mandou que mãe e filho passarem a comer somente pão e que não era para ambos se alimentarem com outro tipo de comida da casa. Também disse que os dois deveriam ir embora do imóvel.
Quando mãe e filho já haviam arrumado seus pertences e se preparavam para entrar em um carro na garagem, o empresário mandou o adolescente ficar em seu quarto, nu, para levar uma surra na qual “ia perder os dentes” e “se não morresse, ia ficar aleijado”, conforme relatado à polícia.
Por causa das supostas ameaças, mãe e filho voltaram para dentro de casa e ficaram em cômodos diferentes, ainda conforme registrado pela polícia, no momento em que o empresário teria afirmado que mataria os dois.
Instantes depois, a mulher afirmou ter ouvido um tiro e ter visto o marido correndo em direção à garagem, onde ele entrou em um carro.
O jovem, desconfiado de que o pai teria mais uma arma no veículo e com o intuito de defender a si e a mãe, deu mais dois tiros no pai, também de acordo com depoimentos. Os três disparos, segundo a polícia, atingiram a vítima na região da barriga.
Após isso, a segurança do condomínio interveio, mantendo mãe e filho na sala da casa até a chegada de ambulância, que constatou a morte do empresário ainda no local. A polícia também foi chamada.
Na delegacia, mãe e filho relataram o caso e o jovem acabou liberado para responder ao crime em liberdade.
Em sua avaliação preliminar por escrito, o delegado João Neves Netto afirmou que as condutas relatadas no distrito policial “se amoldam” nos delitos de lesão corporal, ameaça, tentativa de homicídio, “todos praticados no âmbito da violência doméstica”, por parte da vítima.
“No tocante à conduta do adolescente vislumbra-se que sua atitude está albergada por verossímil descriminante de legítima defesa”, acrescenta o policial em seu parecer.
A ocorrência também já foi encaminhada para a Vara da Infância e da Juventude, ainda de acordo com a SSP.