Boris elogia AstraZeneca em reunião bilateral, e Bolsonaro diz que não se vacinou

Jornal inglês ainda descreveu o brasileiro como "o populista de direita" que "tem feito afirmações estranhas sobre vacinas

Folhapress Folhapress -
Boris Johnson, primeiro ministro do Reino Unido, e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro em encontro (Foto: Captura/ Youtube)Boris elogia AstraZeneca em reunião bilateral, e Bolsonaro diz que não se vacinou
Boris Johnson, primeiro ministro do Reino Unido, e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro em encontro (Foto: Captura/ Youtube)

Rafael Balago, dos EUA – Em Nova York para participar da Assembleia-Geral das Nações Unidas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teve um encontro com o premiê britânico, Boris Johnson, nesta segunda (20).

O líder do Reino Unido aproveitou o espaço para elogiar a vacina da Oxford-AstraZeneca e lembrar que já tomou as duas doses. Em resposta, o mandatário brasileiro disse que ainda não se vacinou.

De acordo com vídeo publicado pela agência de notícias Reuters, durante a reunião, realizada no Consulado-Geral britânico, Boris disse que a “AstraZeneca é uma ótima vacina; eu a tomei”. Pouco depois, emendou: “Obrigado a todos, eu já tomei as duas doses”. Bolsonaro, então, apontou para si mesmo e, por meio de um intérprete, disse, rindo, que ele não havia tomado o imunizante.

O Evening Standard, tradicional jornal britânico, ao noticiar o encontro, descreveu o brasileiro como “o populista de direita” que “tem feito afirmações estranhas sobre vacinas, incluindo que elas poderiam transformar pessoas em jacarés”. Tanto Bolsonaro quanto Boris não usavam máscaras na reunião.

Bolsonaro já disse, repetidas vezes, não ter tomado nenhum dos imunizantes disponíveis no Brasil contra a Covid-19. A postura gerou uma saia-justa na visita a Nova York, já que a cidade foi uma das primeiras dos Estados Unidos a exigir o comprovante de vacinação para que as pessoas possam frequentar estabelecimentos, como a parte interna de restaurantes, além de cinemas e teatros.

Em meio aos preparativos para a Assembleia-Geral, chegou-se a especular que os líderes mundiais -e os demais membros das comitivas- teriam de apresentar a prova de vacinação para participar de eventos fechados, o que inclui a cúpula da ONU. O secretário-geral do órgão, António Guterres, porém, afirmou pouco depois que não teria como impedir líderes estrangeiros não imunizados de irem ao encontro.

Bolsonaro é o único líder do G20 que alega, publicamente, não ter sido vacinado contra o coronavírus. Em janeiro, o Planalto impôs sigilo de até cem anos ao cartão de vacinação do presidente e a qualquer informação sobre as doses de imunizantes que ele recebeu.

Boris ressaltou a importância da vacina no encontro bilateral porque, entre outras razões, será o anfitrião de um grande encontro internacional em novembro. O Reino Unido é a sede da COP-26, encontro global para discutir questões ambientais, e, de acordo com interlocutores, o país europeu deve exigir comprovante de vacinação para os participantes do evento -Bolsonaro deve ser convidado.

Caso o brasileiro aceite, Boris gostaria de evitar o constrangimento de ter um líder internacional não vacinado circulando por Glasgow, na Escócia, como ocorre agora em Nova York. Por isso, o primeiro-ministro britânico enfatizou o tema das vacinas no encontro com Bolsonaro.

Outros assuntos foram tratados na reunião. O premiê prometeu ao brasileiro a revisão dos bloqueios à entrada de viajantes no Reino Unido em 4 de outubro, segundo um dos participantes do encontro entre os líderes. Hoje, o Brasil está na chamada “lista vermelha”, que exige que os viajantes cumpram quarentena em hotéis designados pelo governo. Com a revisão, poderiam lidar com condições mais brandas.

Sem a liberação de entrada, os brasileiros terão dificuldade para viajar para a conferência climática da ONU. Espera-se que, nela, lideranças mundiais cheguem a um consenso em torno de propostas mais arrojadas e ambiciosas para combater o aquecimento global.

Boris também teria elogiado a antecipação da meta brasileira de neutralidade de carbono de 2060 para 2050, anunciada na Cúpula do Clima, liderada pelo presidente americano, Joe Biden, em abril. Na ocasião, Bolsonaro também se comprometeu a acabar com o desmatamento ilegal até 2030, ainda que ambientalistas se mostrem céticos diante das políticas do mandatário brasileiro para o ambiente.

A reunião desta segunda também tratou da possibilidade de o Reino Unido enviar recursos para ajudar o Brasil a reduzir a emissão de poluentes e preservar a natureza.

Segundo o Evening Standard, Boris disse a repórteres que o objetivo da preservação ambiental no país é conjunto. “É um interesse a longo prazo do Brasil e do povo brasileiro reconhecer a herança natural espetacular que eles têm e conservá-la. Tenho certeza de que o presidente Bolsonaro concorda com isso.”

Depois da reunião, o governo do Reino Unido divulgou uma nota sobre a conversa. Nela, Boris destacou “o importante papel que o Brasil deve desempenhar, como uma grande economia da América Latina e casa da floresta amazônica, na luta contra a mudança climática e pela preservação da biodiversidade”.

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