Grande desafio de 2022 será oferecer oportunidades para nossos jovens

Márcio Corrêa Márcio Corrêa -
(Foto: Reprodução)

Viramos o ano com uma série de grandes obstáculos para serem vencidos no Brasil em 2022, que vão desde questões mais prementes como a ameaça de um novo pico de contaminações pela Covid-19, com o crescimento da circulação da variante ômicron, até a questões mais estruturais, como superar a polarização ideológica que tem obscurecido o debate político no País nos últimos anos.

Mas, na minha opinião, o desafio mais preocupante é reverter a falta de postos de trabalho e a consequente desesperança daqueles que estão à margem do mercado, especialmente os jovens que buscam iniciar sua vida profissional. Uma pesquisa feita pela consultoria IDados e divulgada no dia 2 de janeiro aponta que, atualmente, 12,3 milhões de jovens estão numa espécie de limbo profissional. São aqueles que não estudam e nem trabalham e eles já representam 30% dos brasileiros em idade produtiva com até 29 anos.

Estas pessoas estão vendo passar em branco as duas etapas mais fundamentais para quem deseja consolidar uma carreira profissional: a fase da qualificação e a da inserção no mercado de trabalho. São lacunas que podem marcar toda sua vida laboral. A crescente evasão no ensino superior, que aumentou substancialmente durante a pandemia, é em grande medida consequência direta da escassez de empregos.

Sem renda, muitos universitários não conseguem pagar seus estudos e têm que abandonar seus cursos. O modelo de ensino à distância sem muito planejamento e estratégias eficazes durante a pandemia também foi um fator de desestímulo. Segundo o Semesp, entidade que representa as instituições privadas de ensino superior do País, somente no ano passado 3,42 milhões de estudantes abandonaram as universidades particulares. É uma taxa de 36,6% de evasão e que afeta principalmente as camadas que são mais vulneráveis socialmente, estreitando ainda mais o funil da mobilidade social no Brasil.

Desde 2014 a evasão dos estudantes universitários da rede privada tem crescido de forma consistente. Chegava a 28,9% naquele ano e teve seu pico em 2020, primeiro ano da pandemia da Covid-19, quando alcançou o recorde de 37,2%. Evidentemente as universidades públicas, que registram taxas de evasão bem menores, passam longe de conseguirem formar a mão de obra necessária para o desenvolvimento sustentado do País.

Diante desta realidade, foi um acerto do governo Bolsonaro editar uma Medida Provisória para permitir a renegociação de dívidas de estudantes universitários com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o que vai contemplar principalmente aqueles de baixa renda que dependem totalmente de mecanismos de financiamento para estudar. Mas é preciso estabelecer políticas públicas mais amplas e ousadas para assegurar a qualificação e a inclusão produtiva desta parcela de praticamente 1/3 da população jovem que está hoje sem perspectivas profissionais.

Apenas cerca de 18% dos brasileiros de 18 a 24 anos estão no ensino superior, sendo que a meta prevista no Plano Nacional de Educação era passar dos 30% até 2024. É um abismo muito grande. Reverter o processo de exclusão profissional dessa contingente de trabalhadores, que corresponde numericamente à população da Bélgica, e assegurar a eles a devida qualificação para que tenham mais do que subempregos serão os grandes desafios para 2022. O primeiro passo é garantir crescimento econômico.

Márcio Corrêa é empresário e odontólogo. Preside o Diretório Municipal do MDB em AnápolisEscreve todas as segundas-feiras. Siga-o no Instagram.

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