Alemanha prende suspeitos de planejar sequestro do ministro da Saúde
Grupo pretendia "provocar condições similares a de uma guerra civil e, finalmente, derrubar o sistema democrático da Alemanha"

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Alemanha anunciou na manhã desta quinta-feira (14) a prisão de quatro membros de uma rede de extrema direita suspeitos de planejar ataques a autoridades do país por se oporem às regras impostas para conter a disseminação do coronavírus.
Eles planejavam, entre outras coisas, sequestrar o ministro da Saúde alemão, o social-democrata Karl Lauterbach, e destruir instalações de energia do país. Os suspeitos são ligados ao movimento Reichsbuerger (cidadãos do Reich, em português), que nega a existência do Estado alemão moderno, informou a promotoria alemã.
O grupo pretendia “provocar condições similares a de uma guerra civil e, finalmente, derrubar o sistema democrático da Alemanha”, seguiram as autoridades, segundo as quais um quinto suspeito está foragido.
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Foram realizadas buscas em mais de 20 propriedades de diferentes estados alemães ao longo da quarta (13), quando armas, munições, um fuzil Kalashnikov e dinheiro foram apreendidos pela polícia local. Certificados falsos de imunização contra Covid e resultados de testes para a detecção da doença falsificados também foram encontrados.
Durante entrevista coletiva, o ministro da Saúde disse que o grupo representa uma minoria da sociedade alemã, mas que é altamente perigoso. “Isso mostra que os protestos contra o combate à Covid se radicalizaram, mas que também se trata de algo muito maior que a pandemia”, continuou Karl Lauterbach.
Autoridades do país investigam o grupo desde outubro de 2021, e os detidos nesta quarta têm entre 41 e 55 anos. O Escritório Federal de Proteção à Constituição (BfV, na sigla alemã) estimava, em 2018, que cerca de 16,5 mil pessoas no país estivessem com o movimento Reichsbuerger, segundo informações da rede Deutsche Welle.
Cerca de 3.500 deles estariam baseados na Baviera, e outros 2.500 no estado vizinho de Baden-Wurttemberg. A maioria seria do sexo masculino e teria, em média, mais de 50 anos. Centenas de seguidores estão ligados a ideologias populistas, antissemitas e neonazistas.
Não se trata do primeiro episódio em que radicais alemães conspiram para assassinar autoridades em meio à pandemia. Em dezembro passado, a polícia frustrou um plano de grupos antivacina para assassinar o primeiro-ministro do estado da Saxônia, no leste do país. Os militantes se articularam em um grupo no aplicativo Telegram.
O governo da Alemanha se vê desafiado pelos índices de vacinação no país. Pouco mais de 75% da população nacional completou o primeiro esquema vacinal, e 58% receberam a dose de reforço, cifras inferiores a de outros países da Europa Ocidental, como Portugal, onde 92% receberam as duas doses iniciais, Espanha (86%) e Itália (79%). Os dados são da plataforma Our World in Data, da Universidade Oxford.
No início do mês, o Bundestag, Parlamento alemão, recusou um projeto de lei apoiado pelo premiê Olaf Scholz que tornaria a vacinação contra a Covid obrigatória para maiores de 60 anos. A faixa etária teria de se vacinar até 15 de outubro, segundo o texto que foi rechaçado por 378 parlamentares e apoiado por 296.
O partido de ultradireita AfD celebrou a derrota do projeto, enquanto Scholz tentava uma articulação exitosa.
Ele chegou a pedir que a chanceler alemã, Annalena Baerbock, deixasse Bruxelas, onde estava para uma reunião da Otan (aliança militar ocidental) sobre a Guerra da Ucrânia, e voltasse para Berlim, para participar da votação.