Afinal, o trânsito caótico de Goiânia, tem ou não solução?

Especialista em Transportes da UFG aponta motivos que atrapalham o trânsito na capital goiana

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Trânsito de veículos na avenida Jamel Cecílio, em Goiânia. (Foto: Jackson Rodrigues / Prefeitura de Goiânia).

Com uma frota de quase um veículo por habitante, Goiânia é uma cidade que sofre diariamente com a questão da mobilidade urbana.

Segundo o Detran, são mais de 1,2 milhão de transportes registrados na capital goiana, enquanto a população é estimada em cerca de 1,5 milhão de habitantes.

No entanto, existe uma explicação sobre o que leva a população goianiense a recorrer de forma tão intensa a meios  de locomoções individuais.

Ao Portal 6, o professor Ronny Marcelo Aliaga, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (FCT/UFG), disse haver uma desconfiança dos moradores da capital em relação à transportes alternativos, como ônibus ou bicicletas.

“Durante a pandemia, houve uma queda de desempenho no transporte coletivo. Mesmo que agora o sistema já esteja se recuperando, esses problemas operacionais tem aumentado a desconfiança das pessoas quanto ao serviço”.

“Além disso, as ciclovias em Goiânia são circuitos desconexos, pois não existe uma continuidade para que os ciclistas trafeguem. É preciso fazer uma integração”, detalhou. 

A questão do crescimento de trabalhadores que usam veículos para fazer renda (como motoristas por aplicativo, entregadores de delivery) também foi lembrada por Ronny dentre os motivos para esse inchaço de veículos no trânsito.

Para desafogar as vias, o especialista em Transportes apontou que uma melhor sincronização dos semáforos em Goiânia poderia ser uma das soluções.

“O sistema atual da Prefeitura está desatualizado, a coordenação [dos sinaleiros] é feita de forma manual e qualquer chuva forte ou descarga elétrica gera problemas.”

“Com um sistema mais moderno, inteligente, dá pra adaptar o tempo semafórico de acordo com a demanda. Por consequência, isso aumenta a fluidez no trânsito”, complementou.

Em entrevista ao Portal 6 em março deste ano, Claudivino Luiz da Rocha, gerente de Sinalização Semafórica da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), apontou que fatores externos são os responsáveis por essa falta de sincronização entre os semáforos da capital.

Ronny Aliaga também destacou que uma melhoria no sistema de transportes coletivo em Goiânia é essencial para a melhor mobilidade no município.

“Algumas mudanças interessantes aconteceram, como a aplicação da tarifa social e a tarifação temporal (função que permite pegar outra linha de ônibus, dentro de um prazo de tempo, sem precisar ir ao terminal e sem pagar uma passagem nova). Isso diminui a concentração nos terminais e possibilita o usuário fazer viagens mais diretas”.

“No entanto, melhorar a estrutura dos terminais e criar maiores vantagens para os transportes coletivos é importante, para que as pessoas ganhem confiança e passem a utilizá-los mais”, explicou.

Intervenções

Portal 6 também entrou em contato com a Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) para entender como a pasta intervém para melhorar a qualidade das vias em Goiânia.

Em nota, o órgão respondeu que “tem trabalhado constantemente em projetos que possam melhorar a mobilidade da cidade, um exemplo foram as novas rotas criadas em 2021 para melhorar o fluxo na região Central”.

Além disso, a SMM afirmou fazer pequenas intervenções urbanas para otimizar o tráfego no município, embora não tenha dado maiores detalhes.

Conforme os dados mais recentes do Detran-GO, a frota de veículos de Goiânia possui 661 mil carros, 253 mil motocicletas, 115 mil caminhonetes e 27,8 mil caminhões, além de cerca de 140 mil outros meios de transporte que se encaixam em categorias diversas.

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