Defesa da democracia será tema central na Cúpula das Américas, diz organizadora

Conselheira para o evento afirmou que o encontro será usado para debater o combate à desinformação e estimular o avanço de tecnologias

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Cúpula das Américas terá cinco assuntos prioritários, mas a defesa da democracia deverá ser o principal, disse Debbie Mucarsel-Powell (Foto: Reprodução)Defesa da democracia será tema central na Cúpula das Américas, diz organizadora
Cúpula das Américas terá cinco assuntos prioritários, mas a defesa da democracia deverá ser o principal, disse Debbie Mucarsel-Powell (Foto: Reprodução)

RAFAEL BALAGO
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – A Cúpula das Américas terá cinco assuntos prioritários, mas a defesa da democracia deverá ser o principal, disse Debbie Mucarsel-Powell, conselheira especial para o evento. Ela afirmou também que o encontro será usado para debater o combate à desinformação e estimular o avanço de tecnologias como o 5G.

Organizado pelos Estados Unidos, o encontro deve reunir líderes do continente em Los Angeles no começo de junho. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), ainda não confirmou presença, e nesta terça (24) um enviado de Joe Biden esteve em Brasília para reforçar o convite, oferecendo a possibilidade de uma reunião bilateral entre os líderes.

“A cúpula vai perseguir uma agenda regional centrada em nosso apoio compartilhado à democracia e aos direitos humanos”, afirmou Powell, em um debate realizado pelo centro de estudos Atlantic Council.

“Estou buscando garantir que a cúpula mantenha o foco em proteger a democracia e na governança democrática. Não seremos capazes de atingir as metas se não tivermos confiança em nossas instituições.”

A conselheira afirmou que os principais temas do evento, além da proteção à democracia, serão aumentar a resiliência contra pandemias, construir um futuro verde, estimular o uso de energias limpas e acelerar a transformação digital no continente. Há a expectativa de que os participantes sejam instados a assumir novos compromissos nessas áreas.

Powell, 51, é filiada ao Partido Democrata e foi deputada pela Flórida (2019-21). Ela também disse que a cúpula terá debates sobre como combater a desinformação nas redes sociais e discutirá meios de aumentar o acesso das pessoas mais pobres a novas tecnologias, garantindo a segurança dos dados -em uma crítica indireta à presença da China nesse mercado.

“Temos visto um crescimento do comércio online, do empreendedorismo e de negócios inovadores. Mas não podemos fazer isso sem realmente olhar sobre os efeitos na democracia e na segurança. Os governos da região precisam ter certeza de que os equipamentos e softwares de 5G não vão introduzir riscos que podem ameaçar a segurança nacional”, afirmou.

A China é um grande fornecedor de tecnologias de conexão 5G e busca fechar negócios com países do continente, enquanto os EUA, há alguns anos, pressionam os governos da região a não adotar equipamentos de Pequim.

A conselheira contou ainda que os organizadores estão conversando por WhatsApp com cerca de 250 representantes da oposição de Cuba, Venezuela e Nicarágua -com parte dos debates ocorrendo por meio de mensagens de áudio. “O único acesso que eles têm para se conectar aos outros fora de Cuba ou da Venezuela é por meio desse tipo de tecnologia.”

Os regimes desses três países não foram convidados para o encontro, pois as ditaduras são consideradas párias pelos EUA. Em resposta ao veto, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que faltaria ao evento -o enviado que se encontrou com Bolsonaro nesta terça também esteve com AMLO.

Nas últimas semanas, os EUA fizeram algumas concessões, como a retirada de medidas impostas durante o governo Trump a remessas de dinheiro e viagens a Cuba. Na prática, as novas determinações facilitam, entre outros pontos, o envio de dólares de cubanos que moram nos EUA para familiares na ilha.

Já o alívio das sanções contra a ditadura de Nicolás Maduro deve permitir que a estatal petrolífera PDVSA realize negócios antes proibidos.

O governo americano está preocupado com um possível esvaziamento do encontro, idealizado pela Casa Branca como uma tentativa de retomar o protagonismo na região. Realizar o encontro nos EUA sem os governantes das duas maiores economias da região seria considerado um fiasco diplomático.

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