Em busca de uma vida melhor, anapolinos trocam o Brasil por chance no exterior

País nunca teve tantas pessoas expatriadas como agora, segundo levantamento do Governo Federal, e muita gente deixou Anápolis

Isabella Valverde Isabella Valverde -
O casal anapolino, Giselle Leão e Fábio Adriano Manço, vive junto nos Estados Unidos há mais de seis anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Pelos mais diversos motivos, como oportunidades no mercado de trabalho, crescimento pessoal, estudos e sonhos, diversos anapolinos escolheram deixar a cidade goiana para explorar novos rumos mundo afora.

De acordo com levantamento realizado pelo Ministério das Relações Exteriores, com dados coletados dos consulados em 2020, o número de brasileiros que vivem no exterior pulou de 1.898.762, registrado em 2012, para mais de 4.215.800. A quantidade é recorde.

As histórias de quem deixou Anápolis pela esperança de uma vida melhor noutro lugar do globo são diversas. Tem gente que encara uma aventura solitária, outros vão em família e muitos sonham voltar.

Esse é o caso, por exemplo de Giselle Leão e Fábio Adriano Manço. Os dois têm 47 anos e são casados. Depois de uma vida inteira na cidade goiana, eles se arriscaram para viver o sonho americano.

Durante a crise econômica que se iniciou em 2015, eles viram a renda encurtar. A solução foi tentar trabalho no exterior e se estabeleceram no norte da Califórnia.

O marido foi primeiro e, em 2016, Giselle se juntou a ele. Isso facilitou a adaptação. “Para mim não foi tão difícil porque meu marido já estava aqui, mas no primeiro momento, o mais complicado foi a barreira da língua inglesa e não dirigir”, afirmou.

Nos EUA, o casal encontrou novas oportunidades e se depararam com um país mais seguro e maior estímulo ao consumo. No entanto, a distância ainda dói. Levar os filhos, todavia, não entrou em cogitação.

“Eu não queria que meus filhos ficassem na condição de imigrantes, e ficar sem eles e minha família é a pior parte! Essa é minha grande dificuldade hoje”, lamentou.

Giselle e Fábio têm uma rotina extenuante, com várias horas de trabalho por dia. A ideia é voltar ao Brasil com a vida financeira resolvida. “A vida dos imigrantes aqui é muito difícil”, relata.

Planos

O engenheiro civil Wanderley Silva Reis morou durante toda a infância no exterior e agora planeja oferecer a mesma oportunidade para a filhinha que nasceu há pouco tempo.

Ao Portal 6, ele contou que quando esteve longe de Anápolis percebeu que as oportunidades são maiores e há um grande leque de oportunidades a se explorar

“Você estuda mais, trabalha mais. Para lazer, tem vários programas legais. Na escola mesmo eu estudava japonês, francês e espanhol. Meus pais trabalhavam só nós dias de semana e todo final de semana agente ia fazer algo como parques, museu, zoológico, etc.”, relatou.

Os planos de Wanderley devem levá-lo, a partir de agosto, ao estado americano de Connecticut, onde ficará sozinho por alguns meses preparando tudo para levar a família.

“Eu cresci lá quero a mesma educação para minha filha”, afirmou.

Caminho contrário

Numa rota oposta, Felipe Souza, que atualmente trabalha como professor de inglês, foi para Connecticut, nos Estados Unidos, com apenas seis anos, após o pai se mudar para lá e perceber que a vida no exterior renderia.

Depois, toda a família pegou os passaportes e trocou de lar. Num novo país, com uma nova língua e com apenas seis anos de idade, a adaptação foi um pouco dolorosa para Felipe, embora mais rápida que a dos adultos.

Foram dez anos levando a vida como um verdadeiro americano. O inglês tornou-se seu principal idioma. A escola, os hábitos e os amigos fizeram com que o verniz brasileiro se esvaísse.

Felipe e os irmãos cresceram e, quando descobriram que não poderiam fazer faculdade, a família decidiu voltar ao Brasil, num novo choque para o professor.

“Não queria voltar de jeito nenhum. Voltamos porque não poderíamos fazer faculdade lá. Foi um choque. Americano vê o Brasil como terceiro mundo. Não queríamos voltar para o Brasil, para o calor. Não conhecíamos ninguém lá. Minha irmã estava namorando e também não queria. Mas não tínhamos opção”, contou.

Felipe Souza, à esquerda na foto, com a família nos EUA. (Foto: Arquivo pessoal)

Agora, dez anos depois do retorno, ele não vê motivos para deixar sua terra natal. O pai dele, hoje, vive na Flórida e tem uma empresa do ramo de limpeza. Mesmo assim, Felipe não se sente tentado.

“Já sou brasileiro. Já me acostumei. É mais fácil morar aqui do que lá. Para voltar, seria difícil pelas pessoas daqui. Vejo meus amigos o tempo todo e lá não é assim”, relatou.

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