Tempo seco provoca queda nos casos de dengue em Goiás, mas números ainda preocupam

Com três semanas de redução, Anápolis já percebe os efeitos da falta de chuva na diminuição de contaminados nesta época do ano

Emilly Viana Emilly Viana -
Mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue (Foto: Divulgação/ Governo Federal)

Não é apenas o novo aumento de contaminados pela Covid-19 que preocupa as autoridades de saúde em Goiás. Até a última semana de maio deste ano, o estado registrou 102.597 casos de dengue. O número já é três vezes maior que o mesmo período do ano passado.

Goiás também lidera o ranking de agravamento da doença no país. São 2.972 registros de internações nos primeiros cinco meses de 2022.

O estado contabiliza 51 óbitos por dengue, perdendo apenas para São Paulo (134). O crescimento é de 54% em relação ao período em 2021, quando 33 pessoas morreram pela infecção.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), mais de 80% dos pacientes que morreram por dengue em Goiás têm mais de 60 anos ou possui comorbidades como diabetes e hipertensão.

O coordenador de Dengue, Zika e Chikungunya da SES-GO, Murilo do Carmo, explica que tradicionalmente o mês de maio costuma encerrar o ciclo mais intenso de transmissão. A tendência, portanto, é que os números comecem a cair daqui em diante.

“Com a seca, os casos começam a diminuir e normalmente só voltam a crescer com o início do período de chuvas, em meados de outubro, quando o volume de águas nos focos se intensifica. Por esta razão, nós reforçamos ainda mais as ações agora e nos preparamos para a alta do fim do ano”, relata.

Em Anápolis, o cenário de diminuição já é observado. Após um pico de contaminações, o município apresenta três semanas de quedas consecutivas. A redução acumulada nos últimos 20 dias de maio foi de 52%.

Apesar disso, a incidência de dengue na cidade é preocupante. Segundo boletim da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), a taxa está em 24,98% por mil habitantes e o crescimento dos casos notificados é seis vezes superior ao do ano passado.

Pandemia

Mesmo com a redução, Goiás segue em estado de alerta, reforça o coordenador da Secretaria.

Para o porta-voz, um dos principais motivos para dados tão expressivos neste ano é o descuido por parte dos moradores durante a pandemia, que voltaram-se apenas para os cuidados contra a Covid-19, além da paralisação das visitas dos agentes de saúde durante o fechamento das atividades essenciais.

Ele também chama a atenção para o rápido agravamento da doença, que não deve ser subestimado pelos infectados.

“A dengue é instável: um dia você está bem, no outro pode ser internado em um leito de UTI. Muitos dos pacientes que morreram no estado estavam em casa e ignoraram sintomas como sangramento e dor abdominal intensa”, afirma.

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