Abandono do Centro Cultural causa indignação e leva insegurança aos moradores do Filostro

Falta energia e vândalos até mesmo incendiaram o espaço, que deveria ser de cultura e lazer

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Sem energia elétrica, os artistas precisam improvisar as atividades no completo escuro. (Foto: Reprodução)

Moradores do Conjunto Filostro Machado, na região Leste de Anápolis, denunciam descaso com a manutenção do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).

O espaço, que se propõe como palco de atividades artísticas e educacionais, padece sem energia elétrica e vê aumentar o número de usuários de drogas.

Na última semana, os artistas e moradores que passavam pela região levaram um enorme susto ao ver que vândalos haviam ateado fogo no interior do centro cultural.

Indignados com toda a situação, populares filmaram o que estava acontecendo e cobram agora uma atitude da Prefeitura de Anápolis.

Marcelo Hungria, sócio fundador da Associação Cultural Mestre Gamela, desenvolve atividades culturais com as crianças do bairro e relatou ao Portal 6 que esse descaso com o espaço vem ocorrendo há tempos.

“Já tem mais de 04 anos que isso está acontecendo no Filostro. Além da depredação do espaço físico, o local está se tornando uma biqueira e isso, acredito ser o grande problema”, contou.

Com a situação, as atividades que antes eram realizadas no Centro Cultural foram totalmente afetadas, já que as mães não se sentem mais seguras e até proíbem a presença dos filhos.

Marcelo relata que, com as condições precárias do ambiente, as aulas foram totalmente inviabilizadas. “A atividade cultural é de fundamental importância para o desenvolvimento físico e mental das crianças e adolescentes”, lamentou.

“O maior objetivo do projeto é resgatar essas crianças que estão em estado de vulnerabilidade. Através dos cursos oferecidos pela associação, elas podem ter uma oportunidade de se tornar novos cidadãos. Eu acredito nisso porque a arte me salvou”, completou.

Walace Oliveira é artista e também desenvolve diversas atividades culturais na cidade. Assim como Marcelo, também está sentindo na pele as consequências da falta de manutenção do espaço.

“Estou com dois projetos para serem executados agora no segundo semestre e um dos espaços de apresentações é o Centro Cultural Filostro. Esse descaso e desmonte do espaço cultural nos impossibilita de levar produções e ações artísticas para a comunidade do Filostro”, lamentou.

“Isso é perigoso, pois a arte é um caminho apresentado a comunidade como possibilidade de intervenção em nossa cidade, podendo assim apresentar novos meios de expressão e desenvolvimento pessoal. Sem essas ações, outras possibilidades serão apresentadas às crianças e jovens daquele espaço, como o crime, tráfico”, completou.

Problema complexo

No entanto, o artista pondera que a arte foi deixada de lado e toda a classe em Anápolis sente-se órfã.

“Nos sentimos desvalorizados, violentados, e as vezes sendo obrigados a se deslocar da nossa cidade que tanto amamos para buscar trabalho fora. Isso é perigoso, esse deslocamento para outras regiões é também uma violência, sendo que não saímos daqui por vontade e sim por falta de oportunidade e espaços para trabalharmos”, revelou.

Ao Portal 6, a Prefeitura de Anápolis informou que o Centro Cultural do Filostro já está no cronograma de reformas da Secretaria Municipal de Integração Social, Esporte e Cultura.

A pasta afirmou que vai pedir para que sejam redobradas as patrulhas policiais realizadas na região para garantir maior segurança para os frequentadores.

A nota da secretaria diz ainda que as crianças da região são atendidas pelo Programa Integração na Escola Municipal Ayrton Senna, com uma estação de esporte no bairro que pode ser utilizada para atividades de lazer.

 

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