Antes de se tornar a capital da fé, Anápolis era grande em folias de Carnaval

Francisca Fernandes de Oliveira, mais conhecida Dona Xica, foi quem trouxe a festa carnavalesca para a cidade

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Carnaval em Anápolis com o bloquinho do grupo Batuqueiros do Amor. (Foto: Arquivo Pessoal/Jairo Leite)

Enquanto atualmente os anapolinos precisam fugir para outras regiões do país em busca de uma boa folia no Carnaval, antigamente o cenário em Anápolis era completamente diferente, principalmente por volta das décadas de 1930 A 1950.

Ao Portal 6, o historiador, presidente do Conselho Municipal de Cultura (CMC) e presidente fundador do Instituto de Patrimônio Histórico e Cultural Professor Jan Magalinski, Jairo Alves Leite, contou que a tradição carnavalesca se iniciou na cidade com Francisca Fernandes de Oliveira.

Dona Xica, como era popularmente conhecida, possuía o costume de reunir diversas pessoas no quintal da própria casa para montar uma grande festa.

“Ela reunia um grande número de pessoas no quintal de casa, e tocava músicas de samba, ali na década de 30”, relembrou o historiador.

Pouco depois, a forte mulher ajudou o marido a construir um galpão da famosa família Árabe, Rachid Cury.

Sempre à frente do tempo, Dona Xica ajudou a fundar o grupo de samba “Batuqueiros do Amor”, dando início à um período de muita resistência.

“Esse Batuqueiros do Amor enfrentava muitas dificuldades sociais, porque eram negros, um pessoal de classe mais baixa”, contou.

A cidade já contava com alguns carnavais, sendo a maioria dentro dos próprios salões, além de serem voltados apenas para a elite.

(Foto: Arquivo Pessoal/Jairo Leite)

O historiador também conta que outros locais, como hotéis, também já possuíam o costume de realizar a folia. No entanto, a festa saiu oficialmente dos espaços fechados quando o capixaba Jonas Duarte, que na época era gerente de uma loja de departamentos, decidiu levar o povo para as ruas.

“Jonas Duarte pegou uns carros antigos, fordinhos mesmo, e enfeitou porque ele veio como gerente das lojas das Casas Pernambucanas. Aí, fazendo propaganda das Lojas Pernambucanas, ele organizou uma festa e andou nas ruas com esse fordinho como se fosse um carro alegórico”, afirmou.

No entanto, Dona Xica foi mais além e juntamente com o grupo “Batuqueiros do Amor”, foi para as ruas dançando e cantando as famosas marchinhas de Carnaval.

“A presença do grupo aqui era muito forte, porque eles se organizavam, um grupo formado majoritariamente por negros, que faziam uniforme, cantavam marchinhas, andavam pelas ruas e elegiam o Rei Momo”, pontuou.

Em toda a história carnavalesca de Anápolis, o especialista destaca que as melhores folias foram realizadas nas décadas de 30, 40 e 50.

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