Contra o Novo Ensino Médio, Goiás encaminhará relatório ao MEC propondo mudanças
Texto está sendo elaborado por professores, representantes de entidades estudantis, especialistas da educação e estudantes
Ficou acertado após audiência pública que discutiu Novo Ensino Médio, nesta quinta-feira (16), na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), que um relatório propondo mudanças será enviado ao Ministério da Educação (MEC). É o que explicou ao Portal 6 a deputada Bia de Lima (PT), presidente da Comissão de Educação.
Entre os principais problemas no Novo Ensino Médio, a parlamentar aponta a diminuição de disciplinas importantes para a formação crítica dos estudantes. “Não só a matemática ou o português precisam ser ensinados. O corte na área de humanas é um ponto crítico”, ressalta.
Além disso, Bia reforça que a reforma abre caminhos para o notório saber, que é quando professores ministram aulas sem formação pedagógica. “Pode ser uma forma de fugir da qualificação do professor, o que fragiliza o trabalho e prejudica aqueles que estudaram e se qualificaram para a carreira pedagógica”.
“A grande crítica é justamente a baixa procura pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o que mostra que os estudantes não estão entendendo as matérias. Precisamos ter o cuidado para não piorar a formação”, finaliza a parlamentar.
O texto que propõe mudanças está sendo elaborado por professores, representantes de entidades estudantis, especialistas da educação e estudantes.
Modelo disputado
O Novo Ensino Médio vem sendo debatido em nível nacional, o que culminou em uma série de manifestações na última quarta-feira (16), em mais de 50 cidades. A reforma foi apresentada por meio de uma Medida Provisória em 2016, posteriormente convertida em lei em 2017. Implementada em 2022, mais de 300 entidades ligadas à educação assinaram uma carta aberta em que pediam a revogação do modelo em junho do mesmo ano.
Diante da repercussão e insatisfação, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou nesta quarta-feira (15), que irá recompor o Fórum Nacional de Educação (FNE) com o intuito de reintegrar entidades e movimentos populares ao debate.
“Apostamos no diálogo para reavaliação do Novo Ensino Médio. Por isso, o MEC abriu uma consulta pública, com audiências, seminários e pesquisas junto a estudantes, professores e gestores para debater a pauta de forma democrática”.
O que mudou
O Novo Ensino Médio prevê novas disciplinas e flexibilização da grade curricular. O primeiro ano teve a adição das matérias Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Cultura e Tecnologias Digitais. Já os segundo e terceiro anos proporcionam o estreitamento de área de ensino, a depender da escolha do estudante.