Considerado o Dia D das ameaças, pais planejam não levar filhos para escola no próximo dia 20 em Goiás

Atentos às redes sociais, responsáveis já marcaram um x na data em que, há 15 anos, ocorreu o massacre de Colombine

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
(Foto: Reprodução/Seduc)

Não param de chegar notificações de grupos de pais ao redor de Goiás. A preocupação é palpável tanto entre responsáveis quanto entre estudantes e funcionários de diversas instituições de ensino.

Diante das ameaças de atentados em escolas que se acumulam dia após dia, como ocorreu em Pirenópolis, Anápolis, Goiânia e demais municípios, vários pais escolheram manter os filhos em casa, longe do potencial perigo.

A moradora de Pirenópolis, Bianca Gomes, é uma das mães preocupadas que estão recebendo mensagens sobre o assunto todos os dias. Por isso, a mãe de Jorge Augusto, de 07 anos, não irá mandar o filho para a escola no dia 20 deste mês, data em que se concentra as ameaças escolares por causa do massacre de Colombine, em 1999, que resultou em 15 mortes.

Apesar das medidas tomadas pela escola em que a criança estuda para garantir a segurança dos estudantes, Bianca ainda prefere a ausência do filho. “Estão fazendo mudanças na escola. Por exemplo, não está tendo recreio para a aula acabar mais cedo e se algum aluno chegar atrasado, ele não pode entrar mais. Tem uma quadra de esportes que não usam mais para atividades físicas. Agora, as crianças só podem ficar nas salas.”

De acordo com a goiana, ela não contou ao filho o motivo da ausência. “Estou evitando falar isso com ele. Não quero que ele fique com medo de ir à escola”, afirma.

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Natacha, estudante de 15 anos, ficará em casa à pedido dos pais no dia 20, assim como o dia 23. “Minha mãe disse que estavam falando sobre os ataques no grupo das mães do colégio e que estavam bem preocupadas. Ela também pediu que eu falasse se tivesse qualquer atitude suspeita dos meus colegas porque é a única forma de saber o que está acontecendo”.

A adolescente contou ao Portal 6 que está apreensiva, mas acredita que a maior parte das ameaças é falsa. Ela, assim como os colegas, faltará por causa do medo dos pais.

Na escola do Gabriel, de 15 anos, filho da Mariam Marouf Habash, a direção instalou câmeras de monitoramento, contratou um grupo de seguranças e orientou os pais a acessarem as mochilas e gavetas dos filhos. Porém, os esforços são insuficientes frente ao medo.

Segurança posicionado na entrada de escola goiana (Foto: Reprodução/Redes sociais)

“Acredito que mesmo com seguranças na porta, isso não interfere. Na sala do meu filho, com quase 60 alunos, o segurança não vai saber se alguém levou arma, porque não tem detector de metais e nem olham dentro das mochilas. Então, se alguém agir dentro da sala, até o vigilante chegar, já fez um estrago”, explica a mãe, que chegou a receber uma foto de arma de fogo que seria usada em um atentado em Campo Limpo.

Portanto, ela também escolheu deixar o filho em casa no dia 20. “Acho que a maioria está blefando, mas estamos com medo dessa minoria. Os outros pais e professores também”.

Já Cintia da Silva escolheu manter os filhos longe das escolas até passar o dia 20. A estudante de Jornalismo contou que ouviu dos colegas de faculdade que havia uma lista de possíveis atentados que seriam realizados. “Ficamos na situação de não saber o que é real, mas estamos sempre com medo”, desabafa a mãe de Maria Clara, de 12 anos, e Caio Luís, de 06 anos.

“Recebi áudio de que tiveram ameaças numa escola perto de onde minha filha estuda. “Como mãe, preocupada, prefiro que meu filho perca 10, 15 dias de aula que perca a vida, porque não vou pagar para ver se vai ou não acontecer de fato”.

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