Quantos mais terão que morrer para a Secretaria de Saúde de Anápolis agir com responsabilidade?

Neste artigo, falo o caso da criança que faleceu na UPA Pediátrica na última semana

José Fernandes José Fernandes -
UPA Pediátrica, em Anápolis. (Foto: Divulgação/FUNEV)

“Eu pedi pra fazer um exame de raio-x e não foi feito. Pedi um exame na cabecinha dela e eles falaram que o hospital não tinha capacidade, nem equipamento para fazer. Pedi transferência e falaram que ela não tava internada e que ela não tinha motivo nenhum pra tá internada porque ela tava ótima, que ela tava mais saudável do que eu”.

“Ressaltamos que a criança recebeu atendimento imediato, todos os protocolos foram seguidos […]. A criança [foi] devidamente assistida e monitorada”.

“[..] A criança foi atendida pela UPA Pediátrica, cuja gestão é de responsabilidade da FUNEV”.

A primeira citação é a mãe de uma criança de cinco meses, descrevendo momentos de agonia vendo sua filha morrer na última semana.

A segunda citação é parte da nota publicada pela FUNEV, OS que gere a UPA Pediátrica. Lamenta a morte e afirma que ela “recebeu atendimento imediato” e que seguiu “todos os protocolos”.

A terceira citação é parte da nota publicada pela Secretaria de Saúde. De longe, sem apontar culpados, considero a resposta mais cínica. Assume uma postura do tipo “aconteceu a morte, foi em uma unidade pública, mas não temos responsabilidades porque outra empresa que faz a gestão”.

Ora! Quem contratou e de quem é o dever de acompanhar o serviço prestado à população? De quem é o dever de cuidar da infraestrutura e de colocar equipamentos para exames diagnósticos?

O vínculo entre administração pública e a FUNEV é de mútua colaboração, e não de delegação de responsabilidades.

Atribuir, a quem cabe, a culpa da morte da criança não é minha intenção. Agora agir de forma covarde e se esquivar de responsabilidades, não é o papel da Secretaria de Saúde de Anápolis e seus gestores.

Por falar em responsabilidades, temos neste momento em Anápolis mais de 20 mil exames, dentre os endoscópicos, de ressonância e ultrassonografia na fila. Pacientes que aguardam! Quem são os (ir)responsáveis por esse represamento?

Desconfiem e vão trabalhar, ao invés de publicar notas irresponsáveis fugindo de responsabilidades.

Anápolis precisa dos anapolinos.
É isso.

José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo MDB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.

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