Tripla jornada e culpa: o duro dilema de mães solteiras que moram em Goiânia

Em entrevista ao Portal 6, mulheres apontam dificuldades em administrar atividades e sentimento de solidão

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Dominic Aline Pereira
Dominic Aline Pereira. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu sinto muita culpa por não conseguir faturar o quanto eu gostaria para poder dar para ela uma melhor condição de vida […]”, diz a consultora de vendas, Dominic Aline Pereira, 29 anos, em entrevista ao Portal 6.

A dupla jornada de trabalho somada a faculdade e a precária qualidade de tempo na participação da vida da filha, de 04 anos, é apontada pela profissional como uma espécie de combustível para um sentimento comum entre as mães: a culpa.

De 07h até às 22h30, a jornada de Dominic é marcada por uma intensa agitação envolvendo trabalho, afazeres de casa e a universidade. Tudo isso visando um único fim: conseguir obter uma boa remuneração para suprir os gastos dela e da criança.

Um dos ‘alívios’ e que serve de suporte para dar conta dos afazeres é o apoio familiar para lidar com as atividades, além de uma pensão recebida pelo pai da criança. No entanto, para ela, o valor deixa a desejar e não apazigua os cuidados diários que são atribuídos às mães.

“O pai da criança paga a pensão todo mês que não dá pra muita coisa. Ele pega ela de 15 em 15 dias, fica com ela 24 horas durante o tempo, mas se a criança estiver doente ele não pega. A carga da mãe acaba sendo muito mais pesada do que a do pai. Seria muito bom para mãe pegar a criança alimentada, de banho tomado, igual o pai”, afirma.

Um relato semelhante é contado por uma universitária, de 36 anos, que preferiu não se identificar. Há cinco anos, a mulher retornou à capital, após se divorciar do ex-marido, que também é pai dos menores, e teve que cuidar dos dois filhos, de 04 e 12, sozinha.

Desde então, ela conta que a rotina dela tem início às 05h da manhã e inclui levar as crianças na escola até ir para a faculdade, fazer estágio, atuar nos serviços domésticos da casa e, por fim, aos finais de semana, ainda realizar bicos como promotora de eventos.

Apesar de receber uma pensão do ex-marido, ela afirma que a ajuda de custo e os trabalhos não têm sido suficientes para lidar com as despesas.

“Você luta o tempo todo contra o destino e as coisas, mas sente que não está saindo do lugar. Ultimamente eu me sinto muito cansada, tenho várias crises de choro sem a minha família ver e me sinto fraca e pessimista, coisa que eu não era”, diz.

Além da insuficiência nos ganhos, ela destaca que a culpa também se faz presente, de forma quase que majoritária, na mente e no dia a dia dela.

“O emocional fica abalado porque você não consegue ser uma boa mãe, não consegue ser uma boa dona de casa, na faculdade você se sente em falta com você, porque sabe que não é uma das melhores estudantes do momento, porque você está sempre cansada […]”, diz.

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