Apesar da alta demanda por profissionais de TI no estado, goianos preferem buscar oportunidades fora

Desenvolvedores de software explicam por que não compensa construir carreira local

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
(Foto: Ilustração/Mika Baumeister/Unsplash)

A falta de profissionais na área de tecnologia vem se tornando um problema cada vez mais grave nos últimos anos. Após o boom dos processos virtuais, alavancado pela pandemia da Covid-19, empresas buscam pessoas para preencher as vagas há muito tempo vazias.

“Temos muita oferta de trabalho mas poucos profissionais qualificados”, disse a diretora da Agregar Gestão de Pessoas, Maria Célia Franklin Ferreira, ao Portal 6. A situação se tornou crítica ao ponto da Federação das Associações das Empresas de Tecnologia da Informação (Assespro), elaborar um manifesto ainda em 2022 para que o governo federal se empenhasse em solucionar o problema.

De acordo com o desenvolvedor de software para a Loggi, João Gabriel Fernandes, a desistência na educação superior contribui para a falta de profissionais. “Metade das pessoas abandonam os cursos porque entram com uma ideia de que vão só desenvolver joguinhos”, explicou.

“Mas a realidade é que precisam ter raciocínio lógico e conhecimento matemático tanto na prática quanto na teoria.”

Aqueles que conquistam o diploma, no entanto, pouco se interessam em construir carreira em Goiás. Para o desenvolvedor, que mora em Goiânia mas trabalha em regime home office, a capital não é centro de indústria tecnológica.

Portanto, as vagas disponíveis não oferecem o crescimento que empresas de grande porte tendem a proporcionar. “Em lugares como São Paulo e Curitiba, é mais fácil conseguir boas oportunidades e mais opções com diferentes subáreas”.

Segundo João Gabriel, o que explica a permanência de profissionais em solo goiano é o pensamento de construir currículo. Então, uma vez satisfeitos com a experiência, se candidatam para as vagas nacionais e até internacionais, que oferecem salários mais altos e espaço para crescer, apontou.

Isaque Borges, desenvolvedor da EloGroup, empresa privada de consultoria em tecnologia sediada no Rio de Janeiro, é uma das pessoas que saíram de Goiás em busca de um mercado de trabalho mais amplo.

Nascido em Anápolis, o desenvolvedor de software atualmente mora em Brasília, onde trabalha de casa. Apesar de reconhecer que existem vagas em Goiás, o profissional apontou ao Portal 6 que planeja se candidatar para as oportunidades internacionais.

“Você tem que oferecer a mesma qualidade de trabalho tanto para uma empresa daqui quanto para a de fora, então não tem porque querer crescer a carreira aqui. Goiás é bom para alavancar, preencher currículo, tudo focado em pedir demissão e procurar emprego melhor em outro lugar”, afirmou João Gabriel.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade
PublicidadePublicidade