Itália inocenta zelador que assediou aluna porque ato durou ‘só 10 segundos’

Adolescente, de 17 anos, teria sido apalpada por funcionário, de 66 anos, e teve calcinha puxada bruscamente

Folhapress Folhapress -
Palácio de Justiça, em Roma, Itália. (Foto: Reprodução / TripAdvisor)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A absolvição de um zelador acusado de assediar sexualmente uma aluna da escola onde trabalhava na Itália motivou uma onda de mobilizações nas redes sociais nesta quarta-feira (12).

O motivo é a justificativa dada por um tribunal romano para inocentar o zelador Antonio Avola, 66, da queixa –mesmo depois de ele admitir ter enfiado as mãos por dentro calças de uma aluna de 17 anos do Instituto Cine-TV Roberto Rossellini para puxar sua calcinha, segundo ele “de brincadeira”.

A decisão, reproduzida pelo jornal italiano Il Corriere della Sera, afirma que a rapidez da ação, com duração de “entre cinco e dez segundos” segundo o relato da vítima, faz com que ela não constitua um crime.

Ou, nas palavras da corte, a “brusquidão da ação, sem qualquer insistência no ato de tocar”, equivalente a um “quase um roçar”, não permitiria “caracterizar a intenção libidinosa ou concupiscente geralmente exigida pelo direito penal”.

“Os juízes acham que isso foi uma brincadeira? O zelador me agarrou por trás sem falar nada, enfiou as mãos dentro da minha calça, apalpou minhas nádegas, e depois puxou a calcinha de tal forma que minhas partes íntimas ficaram doloridas. Isso, pelo menos para mim, não é uma brincadeira”, disse a estudante, identificada apenas como Laura, ao mesmo Corriere della Sera.

O Ministério Público italiano pedia três anos e meio de prisão para Avola. Ainda na entrevista ao jornal italiano, a estudante declarou ter se sentido traída duas vezes: “primeiro pela escola, o lugar do ocorrido, e depois pelo tribunal”.

“Senti tanta raiva. Isso não é justiça”, afirmou, acrescentando temer que a decisão vá inibir outras mulheres de denunciarem ataques do tipo.

Ao mesmo tempo, prosseguiu Laura, ver seus amigos e alguns professores expressarem solidariedade a fez ganhar algum ânimo.

“Me motiva saber que muitos consideram uma vergonha que o Estado não reconheça certas ações como atos de violência.”

Não foram só as pessoas mais próximas da estudante que a apoiaram. A decisão em favor do zelador motivou a criação de uma hashtag que se tornou viral nas redes sociais, “10secondi”, e “palpata breve”, ou apalpada rápida em italiano, virou uma tendência no TikTok e no Instagram.

As postagens sobre o assunto muitas vezes vêm acompanhadas de vídeos em que jovens tocam suas partes íntimas enquanto encaram fixamente a câmera por exatos dez segundos, buscando ilustrar o quanto os atos podem ser desconfortáveis mesmo quando duram um curto período de tempo.

Entre os que se juntaram ao movimento está a maior influenciadora da Itália, Chiara Ferragni. Ela repostou um vídeo do ator Paolo Camili, conhecido por sua participação na série “The White Lotus”, reproduzindo os gestos.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade
PublicidadePublicidade