Coreia do Norte diz completar teste de míssil que pode atingir EUA
Projétil foi disparado em direção ao oceano, caindo no mar após voar por 74 minutos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Coreia do Norte disse nesta quinta-feira (13) que o teste com o míssil nuclear que realizou na véspera foi bem-sucedido.
Segundo Pyongyang, o projétil disparado foi um Hwasong-18, versão mais moderna da arma balística intercontinental do regime de Kim Jong-un.
O lançamento ocorreu no mesmo dia em que rivais do país asiático se reuniram na cúpula da Otan, a aliança militar ocidental. O projétil gerou alarme no Japão e caiu no mar após voar por 74 minutos.
Segundo a agência estatal norte-coreana, a KCNA, trata-se do voo mais longo de um míssil do país.
O regime disse que o artefato, que tem capacidade de atingir o território americano, percorreu 1.001 km e atingiu uma altitude de 6.648 km.
Imagens divulgadas nesta quinta mostram o ditador Kim Jong-un sorrindo e aplaudindo o disparo de forma enfática ao lado da mulher e de assessores.
“O teste de fogo é um processo essencial, destinado a desenvolver ainda mais a força nuclear estratégica da Coreia [do Norte] e, ao mesmo tempo, servir como um forte aviso prático”, diz o texto da KCNA, acrescentando que o lançamento gerou uma “enorme explosão” que abalou “todo o planeta”.
A agência acusou Washington de aumentar as tensões na região ao enviar submarinos e bombardeiros para a península coreana e conduzir exercícios com as Forças Armadas da Coreia do Sul, também rival geopolítica de Pyongyang.
O regime norte-coreano disse que a crise de segurança atingiu sua fase mais crítica após a Guerra Fria.
O líder Kim Jong-un, que supervisionou pessoalmente o teste, afirmou que o país tomará medidas cada vez mais fortes para se proteger até que os EUA e seus aliados abandonem o que chamou de políticas hostis.
O Hwasong-18 foi testado na Coreia do Norte pela primeira vez em abril. O combustível sólido consumido pelo artefato facilita seu armazenamento e transporte.
Também permite o lançamento do míssil sem aviso ou tempo de preparação. O regime diz que a arma “aumenta a capacidade de contra-ataque nuclear”.
O lançamento de quarta (12) foi condenado por Washington, Seul e Tóquio, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, chegaram a se reunir às margens da cúpula da Otan para discutir a ameaça, com o último afirmando que ações do tipo exigiam uma cooperação ainda mais estreita entre os dois países asiáticos e os EUA.
A Casa Branca também emitiu um comunicado sobre o tema.
“Este lançamento é uma violação flagrante de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU, aumentando desnecessariamente as tensões e ameaçando desestabilizar a situação de segurança na região”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adam Hodge, segundo o texto.
Pouco antes do lançamento do míssil, militares de alto escalão das três nações haviam estado juntos em um raro encontro trilateral no Havaí.
O disparo do Hwasong-18 ocorre apenas dois dias após a Coreia do Norte acusar os EUA de usar aviões espiões para violar seu espaço aéreo e condenar os planos de Washington para posicionar submarinos com mísseis nucleares perto da península.
Os EUA anunciaram em abril que um submarino com armas nucleares atracaria em um porto sul-coreano pela primeira vez em décadas, mas não especificaram quando.
No mês que vem, as forças americanas e sul-coreanas devem iniciar exercícios militares anuais de grande escala. A Coreia do Norte vê as manobras como preparativos para uma eventual guerra contra o país.
O disparo de quarta foi feito na sequência do pior fracasso do programa de mísseis de Kim Jong-un, o lançamento abortado do primeiro satélite espião do país, em maio.
Houve apenas alguns lançamentos de menor alcance desde então. Ele foi realizado também para coincidir com a cúpula da Otan, encerrada na quarta em Vilnius, capital da Lituânia.
A ação mantém elevada a tensão na península, que no próximo dia 27 marca os 70 anos da divisão prevista no armistício que encerrou a Guerra da Coreia (1950-53).
O conflito opôs tropas locais capitalistas do sul, apoiadas pelos EUA, e comunistas do norte, que por sua vez contavam com suporte da China e da União Soviética.
Até hoje, Seul e Pyongyang estão tecnicamente em guerra, dada a falta de uma paz assinada e termos de reconciliação.
Desde o ano passado, uma sequência de testes de mísseis do Norte e provocações militares abertas de americanos e sul-coreanos aumentaram ainda mais a tensão.