Viúva de candidato assassinado no Equador é vítima de suposto atentado
Equipe de segurança deteve um cidadão venezuelano em uma moto e com uma arma de fogo que tentava atacar o carro em que ela se deslocava
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A viúva de Fernando Villavicencio, candidato assassinado no Equador dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais de agosto, foi também vítima de um atentado na quarta-feira (27). A informação foi dada por Christian Zurita, melhor amigo de Villavicencio e substituto na chapa presidencial derrotada no primeiro turno.
“Verónica Sarauz acaba de sofrer um atentado”, escreveu Zurita na rede social X (ex-Twitter) na noite de quarta. “Sua equipe de segurança deteve um cidadão venezuelano em uma moto e com uma arma de fogo que tentava atacar o carro em que ela se deslocava. Um país paralisado pelo terror”.
Segundo Antonio López Cabrera, o advogado da família, Verónica Sarauz não ficou ferida.
De acordo com a Polícia Nacional do Equador, em publicação no X, “trata-se de um incidente isolado, onde um cidadão estrangeiro foi detido enquanto circulava em uma motocicleta em atitude suspeita portando uma arma de fogo falsa”.
Zurita respondeu, também no X, que “pensar em coincidências no estado da nação é uma loucura” e que só faltou a polícia dizer que o assassinato de Villavicencio também foi um caso isolado.
O caso aconteceu quase dois meses depois do assassinato de Villavicencio, um ex-jornalista investigativo conhecido por suas denúncias de corrupção. O político foi atingido com três tiros na cabeça ao entrar no veículo que o esperava do lado de fora de um colégio onde havia realizado um comício, em Quito.
Seis colombianos foram presos após o crime, e outro acusado de atirar contra Villavicencio morreu no confronto com a segurança do candidato à Presidência.
No começo de setembro, o vereador Bolívar Vera, do município de Durán, a oeste do Equador, foi encontrado morto com as mãos amarradas em um bosque da província de Guayas.
O país enfrenta uma onda de violência ligada ao tráfico, que controla os presídios e disputa o mercado de drogas com um regime de terror, marcado por massacres, sequestros e extorsões. Desde 2018, o Equador viu sua taxa nacional de homicídios quadruplicar.
Nos últimos 15 anos, o país foi dominado pelo cartel conhecido como Los Choneros, que sofreu uma derrocada e deu origem a uma série de facções que disputam território, rotas e conexões com o crime transnacional. Uma delas, a fação Los Lobos, teria reivindicado o assassinato de Villavicencio, em vídeo publicado supostamente pelo grupo após o atentado –uma publicação posterior viria a desmentir a primeira.
Na semana passada, o presidente do Equador, Guillermo Lasso, disse na Assembleia-Geral da ONU que o tráfico de drogas é um desafio transnacional e que diferentes países devem unir esforços para combatê-lo.
“Crimes transnacionais fazem parte de um sistema corrupto e assassino que penetra a sociedade e o Estado, que desafia a estabilidade democrática dos nossos países e que tem progredido rapidamente”, disse Lasso no púlpito das Nações Unidas.
O presidente também descreveu Villavicencio como um “equatoriano corajoso” que denunciou a atividade de crimes organizados e suas relações com as máfias políticas.
Christian Zurita, de centro-direita, substituiu o político assassinado e ficou em terceiro lugar nas eleições de 20 de agosto, com 16% dos votos. A esquerdista Luisa González (34%), ligada a Rafael Correa, presidente de 2007 a 2017, e o empresário liberal Daniel Noboa (23%), da centro-direita liberal, foram os mais votados no primeiro turno. O novo presidente equatoriano será escolhido pelos eleitores em 15 de outubro.