Mulheres goianas conquistam maior espaço na construção civil e vislumbram ainda mais oportunidades para o futuro

Ao Portal 6, profissionais compartilharam algumas experiências complicadas que já passaram na área e o que fizeram para dar a volta por cima

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Algumas posições tem sido ocupadas por mulheres por crença de que são mais organizadas e detalhistas (Fonte: Reprodução/Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Apesar de ser tradicionalmente dominado por homens, o mercado de construção civil tem apresentado um aumento de mulheres, desde as posições de liderança até as que colocam, literalmente, a mão na massa.

Ao Portal 6, a engenheira civil, Anna Flávia Alves de Oliveira, explicou que presenciou uma mudança ao longo dos sete anos de carreira. “No começo, era um pouco difícil, principalmente quando eu era estagiária, por não ser uma posição alta”.

De acordo com a profissional, impor respeito e ter as ordens atendidas era o maior desafio. Em relação ao assédio sexual, estar presente nas obras a submetia a comentários desconfortáveis. Com isso, a engenheira aprendeu que seria necessário exigir respeito e, com isso, oferecer o dobro da consideração usual.

“Eu já tive muito problema de respeito da equipe do campo. Às vezes, você fala, mas o cara fica com receio de uma mulher mandando neles. Já tive estagiária que os homens chegaram a não obedecer as orientações”, afirmou. “Tive que ser muito mais respeitosa, tomar muito cuidado com o que vai falar, a gente não sabe como é o cara, ele pode se estressar”.

Essa lição foi uma que a estagiária Mariane da Silva Amaral aprendeu rapidamente. A estudante, de 25 anos, relatou que trabalha na construção civil há quase dois anos e encontrou os mesmos problemas que Anna Flávia. Para ter as ordens atendidas e conseguir executar o trabalho, a jovem disse à reportagem que precisou se impor de formas que jamais teria imaginado.

“Tive que ser mais brusca, falar alto, mostrar que eu exigia respeito como qualquer homem”, afirmou. Fora dos escritórios, dentro das obras, o sentimento permanece, segundo a rejuntadeira Dayane Moreira. Ela apontou que foi necessário se manter fechada, “não dar muito papo”.

Atualmente, ela busca trabalhar sozinha sempre que possível, visto que se sente desconfortável com os olhares dos homens. “Trabalho abaixando e levantando. É complicado”.

Apesar da necessidade de se impor, cada vez mais mulheres estão presentes nestes ambientes, principalmente em posições de gestão de obras, como engenheiras, estagiárias e auxiliares. No caso de obras, empregadores tem apostado em mulheres para cargos como o de rejuntadeira. “Eles falam que somos mais detalhistas, mais organizadas e limpas. Um homem não consegue fazer o mesmo trabalho”, contou Dayane.

“Já consigo enxergar uma certa igualdade, oportunidades iguais independente do gênero. Hoje, sabemos que podemos chegar mais longe”, finalizou Anna Flávia.

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