Após vender moto para pagar exames, anapolina considera se desfazer da casa para realizar cirurgia cardíaca de emergência

SES sustenta que Anápolis possui autonomia e repasses para a realização do procedimento; Semusa devolve a responsabilidade para o Estado

Samuel Leão Samuel Leão -
Maria das Dores aguarda a cirurgia, enquanto vê seu estado de saúde se agravar cada vez mais. (Foto: Acervo Pessoal)

Aos 56 anos, a moradora de Anápolis, Maria das Dores, tem enfrentado um enorme dilema para conseguir realizar uma cirurgia cardíaca de emergência.

Há dois meses, ela foi diagnosticada com uma doença obstrutiva coronária multiarterial que, somada a um problema na vesícula, tem causado fortes dores, além de representar um sério risco de morte.

Ao Portal 6, o marido dela, Jaime de Carvalho, lamentou as dificuldades enfrentadas, revelando que eles já pensam até mesmo em vender a própria casa – construída ao longo de diversos anos de trabalho – para conseguir custear o procedimento em uma instituição privada.

“Eu já vendi a moto que eu tinha, com muito custo, para realizarmos os exames que ela precisava, gastamos mais de R$ 3 mil neles, outros R$ 1 mil em consulta e mais R$ 3 mil para fazer o cateterismo. Aí fiquei perdido, agora o jeito vai ser vender a nossa casa para tentar fazer a cirurgia particular”, relatou.

Ainda segundo ele, já teriam se passado quatro meses desde que tentaram solicitar o atendimento público.

“Ligamos na Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e escutamos sempre que ela será a próxima, mas essa fila nunca anda”, denunciou.

Segundo o laudo médico, ela precisa realizar três pontes de safena para continuar vivendo sem o risco de complicações cardíacas fatais.

À beira da tragédia, o casal recebe ajudas através da comunidade da igreja que frequentam, mas já não enxergam opções paliativas para a situação.

Por que Maria não consegue atendimento pela rede pública?

O Portal 6 entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), solicitando a posição de Maria das Dores na fila das cirurgias cardíacas do estado, reforçando a celeridade demandada pela situação.

Em nota, a pasta explicou que a prioridade da paciente é máxima e que, no momento, se encontra na posição 170 na lista de consultas especializadas – já que outras 169 pessoas possuem o mesmo nível prioritário, mas deram entrada no processo antes.

A secretaria destacou, porém, que o Hospital Evangélico Goiano (HEG), em Anápolis, está habilitado pelo SUS e possui a autonomia de realizar as cirurgias.

Também foi destacado pela SES que Anápolis “possui orçamento para a saúde, assim como recebe recursos dos municípios que pactuarem com ele para receber atendimento, além de recursos mensais do Estado e também do ente federal”.

Diante disso, a reportagem do Portal 6 procurou a Semusa, para entender o porquê do caso não estar evoluindo dentro do próprio município.

A pasta, por sua vez, devolveu a responsabilidade para o Estado e afirmou ter “estreitado conversas a fim de prover a cirurgia”.

Confira a nota na íntegra:

A Secretaria Municipal de Saúde informa que, atualmente, o procedimento é realizado pelo SUS apenas através do Estado, sendo o motivo de estar inserida na Regulação Estadual. Contudo, o município tem estreitado conversas com prestadores a fim de prover realização da cirurgia da paciente aqui mesmo em Anápolis.

*Colaborou Caio Henrique.

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