Professor é cancelado e perde emprego após deixar recado no quadro da sala de aula

Mãe da vítima se pronunciou nas redes sociais e poderá entrar com medidas jurídicas: "ficou triste, chateado"

Gabriella Licia Gabriella Licia -
Professor é cancelado e perde emprego após deixar recado no quadro da sala de aula
Recado foi anotado no quadro e viralizou na internet. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Uma frase de um professor viralizou nas redes sociais após ele escrever um recado no quadro a respeito de um adolescente que estaria vendendo coco na praia para ajudar a família. Depois da repercussão, ele acabou sendo demitido da escola.

O caso aconteceu em Vitória, no Espírito Santo. Na imagem tirada pelos alunos e divulgada na internet é possível ler “Reflexão: Será que é melhor ir para o calçadão de Jardim Camburi vender água de coco ou se esforçar um pouco mais nos estudos para ter um emprego melhor? Fato!”.

Trata-se da história de um ex-estudante da instituição, que teria deixado as salas de aulas para vender coco na praia, juntamente da mãe. Marcos Lengrub, docente do ensino médio, teria encontrado a família durante o dia, coincidentemente, e levado o ‘recado’ para os alunos.

Os adolescentes discordaram do posicionamento e acabaram divulgando a fala. Foi quando a mãe do jovem vendedor recebeu a imagem e decidiu se pronunciar no Instagram.

“Trabalho há três, quatro anos vendendo água de coco. É através da água de coco que eu levo sustento para a minha família, que eu pago as minhas contas e meu aluguel. Infelizmente, hoje eu fui surpreendida juntamente com meu filho. Ele estudou na escola e o professor teve uma fala infeliz. Ele viu meu filho trabalhando comigo e aí expôs meu filho, colocando no quadro essa reflexão”, disse a mulher, em um vídeo postado no Instagram, segundo o jornal A Gazeta.

“Vou ler (o que o professor escreveu) para vocês terem a noção do quanto foi desagradável, o quanto que a gente ficou ofendido, o quanto que foi humilhante. Meu filho ficou triste, chateado”, desabafou.

Após toda a repercussão, Marcos também quis se justificar. “Resolvi fazer uma breve reflexão em sala de aula sobre a importância da educação e da sua relação com o trabalho na idade escolar. De acordo com as leis vigentes, os adolescentes devem frequentar a escola até os 17 anos”, começou.

“Eu trabalho justamente com a faixa etária de 14 a 17 anos de idade e, por isso, entendo que a todos estes jovens deve ser assegurado o direito à educação, e que é na escola onde todos devem estar, nessa faixa etária. A reflexão que eu propus nesta aula foi essencialmente sobre isso”, disse.

“Falamos sobre a necessidade que muitos têm em relação ao trabalho, e que, qualquer seja ele, sendo realizado de forma honesta, seja em uma praia ou em uma feira livre como vendedor, não tenho e jamais terei qualquer tipo de discriminação e/ou preconceito, afinal, eu já estive nesse lugar. O que desejei destacar foi o quanto a educação escolar é essencial nesta fase da formação humana”, continuou.

“O meu intuito sempre foi conscientizar nossos adolescentes-estudantes de que, por mais difícil que seja a realidade, por mais árduo que seja, por mais desigualdade que exista, a educação é o caminho para a transformação da nossa realidade”, ponderou o professor.

Apesar das tentativas de remediação, a instituição de ensino demitiu o profissional. Ainda de acordo com A Gazeta, a Secretaria de Educação do Espírito Santo (Sedu) confirmou que a mãe do ex-aluno está sendo apoiada pela secretaria para buscar os direitos na Justiça.

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