Pressionada, Ucrânia ataca porto russo e alvos na Crimeia

Sofrendo a pior ofensiva russa desde que Vladimir Putin invadiu o país em 2022, a Ucrânia buscou mostrar reação nesta sexta (17)

Folhapress Folhapress -
Pressionada, Ucrânia ataca porto russo e alvos na Crimeia
Novo ataque contra alvo russo leva pânico a moradores da Crimeia (Foto: Reprodução/ YouTube)

IGOR GIELOW

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sofrendo a pior ofensiva russa desde que Vladimir Putin invadiu o país em 2022, a Ucrânia buscou mostrar reação nesta sexta (17) ao promover um mega-ataque com drones contra o principal porto de exportação de petróleo russo, no mar Negro, e alvos na Crimeia.

Desde a sexta passada (10), forças russas avançam em uma nova frente em Kharkiv (norte), expondo os adversários a dificuldades diversas, a começar pela falta de pessoal e equipamentos. Ao menos 12 cidades foram tomadas, ainda que Putin tenha dito que não pretende conquistar a capital regional homônima.

Nesta sexta, o chefe militar ucraniano, Oleksandr Sirskii, escreveu no Telegram que “haverá batalhas pesadas”.

O alcance da ação de Kiev, que envolveu mais de cem drones, ainda não está totalmente mensurado, mas canais de Telegram russos afirmam que há incêndios em diversos depósitos de petróleo no porto de Novorossisk e região.

Não é um ataque casual. Novorossisk é o terminal de maior capacidade da Rússia, ao lado de Primorsk, no mar Báltico, mas de uso muito mais intensivo —ele tem quase toda a capacidade, de 1,5 milhão de barris de óleo por dia. Cerca de 2% do produto no mundo, incluindo 80% daquele que é exportado pelo Cazaquistão, passam pelo local.

No ano passado, quando começou sua campanha com drones aquáticos no mar Negro, Kiev chegou a atingir um navio que estava no porto, mas a situação não escalou. Nunca antes drones ucranianos haviam atingido Novorossisk em quantidade.

A venda de petróleo e gás é o esteio da economia russa, e a perda dos mercados europeus devido às sanções ocidentais decorrentes da guerra levou a produção a ser redirecionada. Hoje, China e Índia são grandes consumidoras de hidrocarbonetos com desconto russos, e o Brasil virou um dos maiores clientes do diesel de Putin.

Já na Crimeia, península que o russo anexou em 2014 para evitar a entrada da Ucrânia nas estruturas ocidentais após a queda de um aliado seu no governo em Kiev, a madrugada foi a terceira consecutiva de ataques.

Desta vez, a rede de energia foi alvejada, com blecautes registrados na principal cidade, Sebastopol. Isso obrigou o governo local a fechar escolas nesta sexta, e segundo empresas de monitoramento o tráfego de internet por lá caiu a 16% do normal.

Na quinta, um ataque contra a base aérea de Belbek, perto da cidade, destruiu pelo menos três aviões, dois temidos MiG-31, que carregam os mísseis hipersônicos Kinjal, e um caça Su-27. O impacto foi confirmado nesta sexta pela empresa de imagens de satélite Maxxar, e a Rússia não fez comentários.

LONDRES PARTICIPA DA GUERRA, DIZ RÚSSIA

Em mais um lance da disputa retórica com o Ocidente, o embaixador russo no Reino Unido, Andrei Kelin, afirmou que Londres é “participante de fato” da guerra da Ucrânia porque fornece armas e informação em tempo real para Kiev.

Os comentários, feitos à TV estatal Rússia-24, vão em linha com a animosidade entre britânicos e russos depois que o chanceler David Cameron afirmou que armas de seu país poderiam ser usadas pelos ucranianos contra território de Moscou.

Putin respondeu com ameaça aberta de atacar alvos do Reino Unido, uma potência nuclear, caso isso ocorra. Na sequência, ambos os países expulsaram os adidos militares dos rivais.

Além disso, relatos de que a Otan está próxima de enviar forças para treinar os aliados em solo ucraniano se avolumam, com um chefe militar da aliança confirmando a intenção em reportagem do jornal The New York Times.

A hipótese já havia sido levantada pela França, sendo respondida pelos russos com o anúncio de exercícios com armas nucleares táticas, de emprego militar focado. O governo de Joe Biden, contudo, segue se opondo à ideia —embora seu chefe diplomático, Antony Blinken, tenha dito que a Ucrânia era livre para usar armas americanas contra a Rússia, embora desaconselhasse isso.

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