Zé Américo: parte um mestre da cultura popular anapolina!
Uma homenagem ao sanfoneiro que atravessou gerações e fez história na nossa cidade
Há algumas semanas, combinei uma entrevista que soube nesta manhã que jamais será realizada. Conversaria com um dos mais importantes músicos de Anápolis: o sanfoneiro José Américo, para falar de suas memórias. Zé Américo se despede deste plano em um lamento sertanejo de familiares e amigos que foram por muitos anos presenteados com seu bom humor e devoção à música.
José Américo começou sua jornada na música aos quatro anos, quando brincava com uma sanfona imaginária, imitando o que acreditava ser o maior e melhor momento da vida. Mais tarde, a sanfona que era só um sonho se tornaria um brinquedo de madeira, com botões desenhados de carvão. Desde então, foi aguçando o ouvido, percebendo as notas e reproduzindo os movimentos. O tempo passou e o instrumento se tornou uma realidade em seus braços, que sabiam exatamente o que fazer. Provocou muitas risadas e lágrimas.
Cento e Vinte, como também era chamado, era autodidata. Seguia as melodias e, entre um erro e outro, acertava as canções da vida. O músico estava longe de ser um herói. Nunca perseguiu essa jornada. Preferia ser um homem real, com todas as questões que isso significava. Ao tocar, mantinha a elegância de quem sabe que está em uma posição de destaque e respeito, mas, quando parava, se tornava criança entre nós.
O músico atravessou gerações. Gostava de tocar nos bares, na casa de amigos e nas janelas de moças que receberam serenatas do grupo de músicos com quem andava. Em um dos Festivais Anapolinos de Música, quase não saiu do palco. Tocou com diversos grupos. Tornou-se um membro indispensável da noite anapolina. Quando as pernas já doíam e sua presença passou a ser escassa, não deixava de ser pauta. E Zé Américo, por onde anda?
Um mestre da cultura popular anapolina! Hoje, Zé Américo se junta a outros mestres que você talvez não conheça, mas deveria. Com Acir Pena, Rubinho Jaime, Mauro Pastinha, Gilberto (Kid Viola), Carlos Lemos e Nana Sanfoneiro, Zé Américo estreia o show da eternidade.