Preço dos aluguéis dispara em Goiânia e atinge “nível desproporcional”
Capital apresentou aumento quase quatro vezes maior do que a inflação nos últimos 12 meses, segundo Índice FipeZap
Morar em Goiânia está ficando cada vez mais caro, de acordo com o Índice FipeZap. Nos últimos 12 meses, o aluguel aumentou em 16,39%, ainda que a inflação registrada no mesmo período tenha sido de 4,22%, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – valor 3,88 vezes maior, se comparar as duas taxas.
Em sexto lugar, Goiânia está atrás apenas de Curitiba (21,29%), Salvador (19,58%), Brasília (18,38%), Recife (17,44%) e Porto Alegre (17,27%). Na capital goiana, com um preço médio de R$ 38,10/m², segundo o último levantamento do FipeZap em junho, moradores estão sentindo a variação no bolso.
Residente em Goiânia desde 2017, o psicólogo e analista de RH, William Nascimento, acompanhou os aumentos. Ele relatou que conseguiu encontrar kitnets e apartamentos com preços razoáveis e com estrutura decente até 2020, próximos ao Setor Universitário, onde estudou.
Após este período, o mesmo apartamento em que morava teve um aumento de R$ 500 nos valores. “Depois da pandemia, eu tenho para mim que as coisas de aluguel, apartamento, aumentaram muito o valor”, disse.
A situação o levou a buscar moradia com uma amiga temporariamente. Hoje, já mora sozinho, com um aluguel de R$ 1 mil no Setor Leste Universitário.
“E acho caro. Metade do meu salário, por exemplo, é só para pagar condomínio e aluguel. E de condomínio não tem nada”, conta. William explica que apesar de não oferecer itens como área de lazer, o local possui uma taxa de R$ 250.
“Os preços aumentaram muito. E para mim, aumentaram em um nível desproporcional ao local de moradia”, destacou.
A advogada Mariana Lourenço, por sua vez, já iniciou o processo de busca por moradia com preços altos, no primeiro semestre deste ano.
Em maio, encontrou o que considerou um verdadeiro achado no Jardim América: um apartamento de dois quartos com aluguel de aproximadamente R$ 1 mil. Em apenas dois meses, o valor já aumentou de R$ 100. “Foi muito difícil achar um lugar bom com preço dentro do meu orçamento, ainda mais olhando pela internet. Você via um imóvel disponível e, de repente, ele já não estava mais”, contou.
A advogada destaca que percebeu uma padronização de valores na capital, com preços parecidos mesmo em bairros mais afastados do centro econômico. “E muitos locais eram precários. Seriam precisas várias manutenções e mesmo assim cobram caro”.
Cenário nacional
Conforme levantamento do FipeZap, todas as 25 capitais analisadas apresentaram aumento nos valores de aluguel nos últimos 12 meses. A média de variação do Brasil para o mesmo período foi de 14,86%.