GABRIEL VAQUER
Três das quatro maiores emissoras de televisão do Brasil vão entrar na onda das bets, as famosas casas de apostas esportivas. Globo, SBT e Band se movimentam e devem lançar até o ano que vem suas próprias empresas no setor. Hoje, as casas de apostas no futebol movimentam R$ 150 bilhões por ano no Brasil.
As regras que vão regulamentar de vez as plataformas de apostas no Brasil entram em vigor em janeiro de 2025, e dezembro é o prazo final para que interessados apresentem todas as documentações.
Aquelas que forem aprovadas pelo governo poderão utilizar o domínio “bet.br”.
No primeiro trimestre deste ano, o Ministério da Fazenda recebeu o credenciamento de empresas interessadas em operar no Brasil. Foram recebidas cerca de 132 inscrições, entre elas, dos principais conglomerados televisivos do país.
A Band negocia parcerias com outras bets, ainda definindo questões de porcentagem quanto à participação nesta entrada.
Uma delas seria com a plataforma OpenBet, com bastante penetração no Reino Unido, Estados Unidos e Canadá, além de 65% das do Reino Unido, e com capital aberto na Bolsa de Nova York.
Já a Globo, que controla o game Cartola FC, criado em 2005 com modalidades pagas e grátis via aplicativo, fazendo com que o usuário seja o técnico do time e monte suas escalações nos jogos do Campeonato Brasileiro, também tem interesse no credenciamento até receber aval para lançar sua bet no mercado. A inscrição junto ao Ministério da Fazenda veio pela DFS Entretenimento, proprietária do Cartola FC.
No caso do SBT, a situação está mais avançada. O Grupo Silvio Santos apenas aguarda a finalização da regulamentação para tirar o projeto do papel. Dois nomes foram identificados com interesse em obter licença nacional, caso da Baú Bet, ligada diretamente à famosa empresa de Silvio Santos, e a Tele Sena Bet, de domínio de Henrique Abravanel, irmão do dono do SBT.
Especialistas explicam caso
Para Ricardo Bianco Rosada, fundador da consultoria brmkt.co, que atua nas áreas de estratégia, branding, marketing e desenvolvimento de negócios, os grandes grupos de mídia possuem dois ativos importantes para uma marca de apostas esportivas no Brasil.
“O primeiro é a sua credibilidade, e o segundo é a audiência, já que, apesar de as televisões estarem há algum tempo competindo com as ‘outras telas’ do mundo digital, sua capilaridade e penetração continuam significativas. Do ponto de vista dos grupos de mídia, vejo as operações como uma forma de diversificar seus modelos de negócio e monetizar suas audiências”, analisa.
“É natural que agora, em meio à reta final para a regulamentação do setor, empresas tradicionalmente de outros segmentos venham para somar, como foi o caso da Globo e da Band, e agora com o Grupo Silvio Santos, dono do SBT”, destaca João Fraga, CEO da Paag, empresa que tem lançado produtos para auxiliar as operadoras a se adequarem às novas diretrizes.
“Com o crescimento acelerado das apostas esportivas no Brasil e a entrada de grandes players, estamos testemunhando uma transformação significativa no mercado. A regulamentação em andamento promete trazer mais segurança e confiabilidade para os apostadores”, comenta Edson Lenzi, CEO da PayBrokers, empresa especializada em transações financeiras no segmento.