Dia do Gamer: como as lan houses se reinventaram para “fugir da extinção” e reconquistar público
Portal 6 conversou com proprietários e clientes que explicaram como foi o processo de reestruturação para se adequarem ao mercado
Populares desde o fim dos anos 90 e se tornando um fenômeno no início dos anos 2000, as lan houses foram estabelecimentos muito importantes para a cultura brasileira — e mundial. No entanto, olhando para trás, esses empreendimentos envelheceram muito mal, principalmente quando comparados a uma época em que celulares são computadores portáteis.
Diante disso, proprietários desses locais precisaram se reinventar para não ficarem para trás, buscando em uma paixão antiga das pessoas criar um misto de lan houses e os fliperamas. Assim nasceram as arenas gamers, um novo tipo de serviço focado nos fãs dos jogos digitais.
Diferente dos famosos cyber cafés, que funcionavam como uma saída para quem não tinha acesso a um computador com internet em casa, as arenas de jogos possuem uma pegada totalmente diferente, como apontou Hugo Oliveira, cliente assíduo da Planet Games (@lojaplanetgames), localizada no setor Central, em Anápolis.
“Mesmo tendo condição de jogar em casa, de ter o videogame, eu prefiro ir para lá [para a arena], porque para mim é a melhor coisa que tem. É pelo ambiente, pela amizade, é um lugar bem familiar para mim, bem tranquilo, amigável e seguro”, contou o empresário, em entrevista ao Portal 6.
Paixão pelos games
Segundo ele, a paixão pelos games é antiga e o espaço das arenas o deixa ainda mais confortável para colocar em prática esse sentimento.
“Eu me sinto tão bem lá, é a melhor sensação que tem! Chego, fico quieto no meu canto, brinco com colegas, também jogo sozinho às vezes. É um ambiente muito confortável, quero ficar velho, ficar idoso, mas quero continuar indo lá”, disse, animado.
Essa sensação de acolhimento é comum, pois está ligada diretamente ao envolvimento da pessoa com os jogos, e ninguém melhor para dizer isso do que o próprio dono da Planet Games, Cleber Marcos Dias.
À reportagem, o empresário conta que, mesmo tendo comprado a loja dentro do segmento gamer, já havia trabalhado nesse mundo digital outras vezes, como nos antigos fliperamas, e sempre nutriu a mesma sensação que Hugo.
“Os jogos mexem muito com as pessoas. Você se sente um verdadeiro herói, quando está desvendando, você se sente lá dentro. É um negócio que traz uma certa alegria em vivenciar, trabalhar, até tatuar nessa área, é bem satisfatório”, disse, entusiasmado.
Experiência nas arenas
Mas para ele, além da vivência dos games, as arenas vieram para engrandecer ainda mais essa experiência.
“Jogar na arena gamer é muito diferente do que jogar em casa, porque em casa você não tem uma certa liberdade. Aqui as pessoas brincam, se divertem, comemoram quando alguém faz um gol. É totalmente diferenciado, só vendo mesmo”, destacou.
Para ele, esse engajamento nesse nicho tão específico é algo único, pois as pessoas são “apaixonadas” pelos jogos, chegando até mesmo a cortar o cabelo igual aos personagens, fazer tatuagens e usar roupas temáticas — todos exemplos citados por ele durante esta entrevista.
Para isso, o empresário explicou que sempre buscou evoluir o negócio, que já se iniciou dentro do ramo dos games.
Reinvenção
Situação diferente viveu Danilo Bittencourt, sócio-fundador da Nitroxx Games (@nitroxxgames), localizada no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia. Ele iniciou o empreendimento como uma lan house comum, inaugurada em 2007.
“Com o passar do tempo, a gente foi percebendo a mudança de mercado; as lan houses foram ficando extintas, muitas fecharam e a gente percebeu que precisava buscar o que nosso público queria e começamos a agregar videogames na nossa loja”, relembrou, em entrevista ao Portal 6.
Hoje, o estabelecimento é um dos maiores do segmento na capital, sendo um dos pioneiros ao realizar torneios entre os jogadores.
“Com o passar do tempo, com a evolução do mercado, começamos a pesquisar, olhar outros lugares, até outros países. Começamos a desenhar e sonhar com uma estrutura maior que pudesse atender esses torneios com mais conforto”, explicou.
“Hoje, a gente já atende o público do PC Gamer, dos consoles, também tem fliperama, um público mais arcade. O pessoal tem nos procurado bastante justamente por encontrar na Nitroxx um ambiente com equipamentos de alta qualidade, de alta performance, para jogar os jogos da atualidade”, finalizou.