Suspeito de matar CEO da United Healthcare estudou em universidade de ponta e foi orador de turma
Mangione foi preso na manhã desta segunda-feira (9) por acusações de porte de arma em Altoona, Pensilvânia
JULIA CHAIB
Suspeito de ter assassinado Brian Thompson, CEO da United Healthcare, em Nova York, Luigi Mangione, 26, estudou engenharia em uma das melhores universidades dos Estados Unidos e vem de família com boas condições financeiras.
Mangione foi preso na manhã desta segunda-feira (9) por acusações de porte de arma em Altoona, Pensilvânia. Mais tarde, na madrugada desta terça (10), ele foi acusado pelo homicídio do executivo da empresa de seguros.
O suspeito mantinha algumas redes sociais ativas e aparentava ser uma pessoa saudável e com boas relações sociais. Isso mudou, segundo veículos norte-americanos, há alguns meses, quando Mangione se afastou do contato com família e amigos.
Segundo o Departamento de Polícia de Nova York, o jovem cresceu em Maryland, e, recentemente, passou um tempo vivendo em Honolulu, no Havaí. De acordo com o jornal The New York Times, a família do suspeito tem uma rede de centros de reabilitação para idosos e também prosperou com bens imobiliários. Com título de bacharel e mestre em engenharia com foco em ciência da computação pela Universidade da Pensilvânia, uma das instituições de ponta do país, obteve destaque na sua área.
Na faculdade, Mangione foi membro da fraternidade Phi Kappa Psi e fundou um clube para o desenvolvimento de jogos. Ele deu entrevistas ao blog da universidade, chamado de Penn Today, falando sobre o interesse na criação de videogames. De acordo com o jornal The Daily Pennsylvanian, o post que levava para a entrevista foi deletado após a notícia da prisão.
Antes da universidade, o jovem estudou na Gilman School em Baltimore, uma tradicional escola particular para homens na região. Mangione se destacou no colégio, onde foi orador da turma em que se formou, em 2016. Em vídeo do discurso da formatura, ele ressalta o caráter “inventivo” e “pioneiro” da sua turma.
“Aos parentes aqui hoje, primeiro, nos mandar a essa escola foi longe de um pequeno investimento. Quero agradecer a todos por nos mandarem para esta escola”, afirmou no discurso.
O jornal The Baltimore Banner relatou que o diretor da escola mandou um aviso à comunidade dizendo não ter mais informações além do reportado pela imprensa e lamenta a notícia.
“Esta é uma notícia profundamente angustiante, além de uma situação já terrível. Nossos corações estão com todos os afetados,” escreveu Henry Smyth, diretor da escola.
Ex-alunos do colégio que estudaram com Mangione contaram ao veículo que ele era um aluno inteligente, uma pessoa simpática e com um ciclo social saudável. A notícia da prisão foi recebida como um choque entre ex-colegas.
Mangione mantinha contas ativas no X, no Instagram e no LinkedIn. No Instagram, a maioria dos registros são imagens com amigos e família. No X, ele compartilhava notícias a respeito de saúde mental, importância de exercício físico e outras reflexões. De uns tempos para cá, passou a publicar mensagens mais reflexivas sobre problemas da sociedade.
Mangione parecia um ávido leitor. “Quando todas as formas de comunicação falham, a violência é necessária para sobreviver”, afirma uma crítica publicada na Amazon, atribuída a uma pessoa com o nome dele, a respeito do ensaio Industrial Society and Its Future (sociedade industrial e seu futuro), também conhecido como Manifesto do Unabomber.
Segundo o New York Times, o perfil de Mangione, antes uma pessoa aparentemente saudável e sem histórico de problemas de saúde mental, mudou de seis meses para cá. Amigos do suspeito que falaram com o veículo relataram que o jovem sumiu e não mantinha mais contato com a família nem com pessoas próximas.
Uma pessoa que morou perto de Mangione no Havaí também contou ao New York Times que o suspeito relatava ter fortes dores nas costas e que havia deixado Honolulu temporariamente para fazer uma cirurgia na coluna. A própria página com o nome do suspeito no X tem uma imagem de raio-X de uma coluna com implantes.
O suspeito foi identificado na manhã desta segunda-feira (9), na Pensilvânia, por um funcionário do McDonald’s, que telefonou para a polícia relatando a suspeita. O policial responsável pela prisão ingressou há apenas seis meses na corporação.
O suspeito foi encontrado com uma arma fantasma, um supressor (mais comumente chamado de silenciador) e cartões de identificação falsos semelhantes aos que se acredita terem sido usados pelo assassino, disseram as autoridades.
Ele também carregava manifesto manuscrito de três páginas que mostrava que ele tinha “alguma má vontade em relação à América corporativa”, disse Joseph Kenny, chefe de detetives do Departamento de Polícia de Nova York, durante coletiva de imprensa realizada na tarde desta segunda.