Com baixa vacinação, casos de coqueluche disparam quase 20 vezes em Goiás; veja sintomas
No estado, registros da doença cresceram e passaram a atingir outras faixas etárias, como os adultos
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Com a baixa na vacinação, o número de casos de coqueluche em Goiás disparou, registrando um crescimento 19 vezes nos últimos dois anos, conforme apontou o Ministério da Saúde (MS).
Em 2022, quando o levantamento foi realizado pela última vez, foram registrados quatro casos em todo o estado, todos em recém-nascidos ou bebês com menos de um ano.
Já em 2024, esse número aumentou vertiginosamente – atingindo 76 ocorrências. A maioria seguiu na mesma faixa etária, com 23 bebês afetados.
Apesar disso, a doença também se proliferou em crianças maiores, com 16 casos entre 10 a 14 anos, seguidos de 12 casos em pacientes de 01 a 04 anos.
Entre os adultos, foram dez casos entre pessoas de 30 anos ou mais, enquanto adolescentes de 15 a 19 anos também apareceram na lista, com oito registros.
A reincidência em todas as faixas etárias foi maior entre pessoas do sexo feminino, que representaram 54% dos casos, enquanto o sexo masculino teve 46%.
Esses dados colocam Goiás como o segundo estado com mais casos no Centro-Oeste, ficando atrás somente do Distrito Federal (DF), onde foram identificadas 217 pessoas infectadas.
Já nacionalmente , a doença registrou um aumento de 10 vezes em relação aos anos anteriores. Segundo o MS, foram registrados 5.987 casos no Brasil, sendo 5.759 a mais do que em 2022, quando foram identificados somente 246 relatos.
Coqueluche
A coqueluche é uma infecção respiratória altamente contagiosa transmitida por meio de gotículas respiratórias e tem como principal alvo os recém-nascidos, conforme explicou a coordenadora do pronto-socorro infantil do Hospital e Maternidade São Luiz Osasco, da Rede D’Or, Fabíola La Torre.
“Em recém-nascidos, a resistência aos sintomas é menor. Além da tosse intensa, a doença pode causar parada respiratória, convulsões, vômitos e desidratação”, explicou a profissional.
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Bebê sendo vacinado. (Foto: Tomaz Silva / AgÊncia Brasil)
Para prevenir a doença, o ideal é realizar a vacinação nos primeiros dois meses de vida do bebê, além da indicação para gestantes, que devem aplicar o imunizante a partir da 20ª semana de gravidez.
De acordo com especialistas, a principal causa do atual surto é a baixa cobertura vacinal, que sofreu uma queda drástica nos últimos anos, com uma taxa de somente 68,98% em 2023, quando o recomendado é 95%.
“A vacinação durante a gravidez protege os recém-nascidos, reduzindo os riscos de contágio. Além disso, a falta de acesso a exames laboratoriais de biologia molecular dificulta o diagnóstico e o controle da doença”, pontuou a médica.
Sintomas
Os sintomas da doença incluem febre baixa, mal-estar, coriza e tosse seca, podendo se intensificar cada vez mais com o tempo. Em fases severas, pacientes tendem a ter episódios de tosse intensa que podem durar semanas e acontecem principalmente à noite.
De acordo com o infectologista pediátrico do São Luiz Osasco, Flaubert Serra de Farias, nos recém-nascidos, esses sintomas são ainda mais intensos.
“Nos bebês, as crises podem levar à apneia, vômitos e até risco de morte. Durante os acessos de tosse, a pessoa tem dificuldade para respirar, podendo apresentar congestão, lacrimejamento e secreção abundante”, explicou.
“As vacinas contra a coqueluche estão disponíveis tanto na rede pública quanto na privada. Manter a vacinação em dia é a melhor forma de prevenir a doença. Além disso, ao identificar sintomas, como a tosse, é importante buscar atendimento e orientação médica”, completou o médico.