Risco de PMMA: cerca de 6 mil pessoas passaram pelas clínicas Karine Gouveia em dois anos

Após três fazes da Operação Face Oculta, inquérito foi finalizado pela Polícia Civil

Thiago Alonso Thiago Alonso -
Risco de PMMA: cerca de 6 mil pessoas passaram pelas clínicas Karine Gouveia em dois anos
Procedimentos eram realizados indevidamente em clínicas de Goiânia e Anápolis. (Foto: Divulgação/PC)

A Polícia Civil (PC) apontou nesta terça-feira (25), que cerca de 6 mil pacientes passaram pelas clínicas de Karine durante os anos de 2018 e 2019, período em que o PPMA e óleo de silicone — produtos impróprios para operações estéticas, sobretudo, faciais — eram utilizados com mais frequência pelos profissionais que atuavam nos estabelecimentos de Goiânia e Anápolis.

Conforme o delegado Daniel José de Oliveira, isto indica que, parte destas pessoas podem ter sido submetidos a procedimentos estéticos com produtos impróprios, sendo potenciais vítimas dos crimes da falsa esteticista.

Destas, quase 100 pessoas se apresentaram a PC, as quais devem passar por apuração para identificar se, de fato, houve a aplicação das substâncias nelas.

Dentre as principais ocorrências identificadas pela Operação Face Oculta estão graves lesões após passar por operações, incluindo casos de necroses, deformações, perdas de membros e até internações.

Além da própria Karine, que se encontra presa preventivamente, outros profissionais de saúde — sem o devido treinamento ou certificação — também realizavam estes procedimentos estéticos nos pacientes.

Segundo o delegado, estes funcionários tinham consciência das vedações legais para atuação neste tipo de operação, mas mesmo assim as faziam.

Agora, com a finalização do inquérito, Karine e o marido deve, PC Segredo, devem responder pelos crimes de lesão corporal gravíssima; exercício ilegal da medicina; fraude processual; falsidade ideológica; falsificação, corrupção e adulteração de produto terapêutico; estelionato; propaganda enganosa; e execução de serviço com alto grau de periculosidade.

Apesar da conclusão, outra investigação também corre em paralelo, apurando uma possível tentativa de interferência de advogados do casal nas diligências.

Posicionamento

Em nota ao Portal 6, a MTC Medical, empresa que fabrica o PMMA, explicou que a substância é autorizada no Brasil, podendo ser utilizada para tratamento reparador. Podem ser elas: “reconstrução, acidentados, enfermidades, uma depressão, trocantérica para flacidez, assimetria, reconstrução mesmo glútea ou corporal de rompimento muscular, entre várias outras otimizações”, detalhou.

A farmacêutica destacou também que, no caso Karine, o produto irregular foi o silicone industrial. Confira o posicionamento na íntegra:

O que a Anvisa diz sobre o uso do PMMA? 

No próprio site da Anvisa, o uso  do PMMA é definido em dois tópicos, sendo  “o produto é utilizado para tratamento reparador”. O que é uma reparação? É uma reconstrução, acidentados, enfermidades, uma depressão, trocantérica para flacidez, assimetria, reconstrução mesmo glútea ou corporal de rompimento muscular, entre várias outras otimizações. 

A ANVISA estabelece que o PMMA é autorizado para tratamento reparador, sendo autorizado para fins corretivos. No caso, ela define duas situações: correção volumétrica facial e corporal; e correção de lipodistrofia. 

A correção volumétrica facial e corporal é uma forma de tratar alterações de volume provocadas por sequelas de enfermidades ou por qualquer outro tipo de situação, sendo isso para qualquer cidadão. 

Segunda indicação da Anvisa trata-se do uso do PMMA nas correções de lipodistrofia, que pode ser decorrente de pessoas portadoras de HIV pelo uso de medicamentos retrovirais, ou por outras enfermidades e por diversas situações, a exemplo do próprio envelhecimento, que levam a perda de gordura. Nesses casos, o tratamento com o PMMA possibilita o ganho tecidual para o paciente. 

A Anvisa é muito clara quando ela coloca essas duas situações distintas: correção volumétrica facial e corporal e correção de lipodistrofia. Além disso, a Anvisa regulamenta que a aplicação deve ser feita por profissional médico ou odontólogo habilitado.

Sobre o uso com a finalidade estética​

A Anvisa fala que o PMMA não é indicado para procedimentos com fins estéticos, sendo aprovado para fins corretivos. Por exemplo, quando uma pessoa tem uma assimetria, ou uma flacidez, é um caso de finalidade corretiva. Afinal, está sendo corrigida uma situação que afeta diretamente o corpo. 

A Anvisa entende que a indicação do PMMA deve ser para os casos que existam uma necessidade corretiva e nesses casos, haverá uma melhora estética, diferente dos procedimentos tidos como estéticos.

Qual a orientação da Anvisa para o uso do PMMA?

Em dezembro de 2024, a Anvisa atualizou a Nota de Esclarecimento sobre indicações do PMMA, destacando que: é um produto autorizado; a  aplicação de PMMA nos glúteos para fins corretivos não é contraindicada e que cabe ao médico responsável avaliar a necessidade e viabilidade da aplicação, de acordo com as orientações da instrução de uso do fabricante.

A Anvisa pontua que, para cada paciente, o médico deve determinar as doses injetadas e o número de injeções necessárias com base nas instruções do uso do produto e na avaliação clínica do paciente. Nesse caso, é preciso observar as características cutâneas, musculares de cada indivíduo, das áreas a serem tratadas e do tipo de indicação. Ou seja, cada paciente tem sua característica. Por isso, a necessidade do profissional médico habilitado para realizar o procedimento.

Também é destacado pela Anvisa que o produto não é contraindicado para aplicações nos glúteos, desde que tenha a finalidade corretiva. Isso ocorre porque a Anvisa não aprova para nenhum produto com a finalidade estética por estética. Ela aprova para tratamento reparador, o uso corretivo. 

Lembramos que, o PMMA é um produto regular, autorizado pela Anvisa e que, no caso Karine, o produto irregular foi o silicone industrial. 

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