Com população cada vez mais velha, cuidadores de idosos ganham mais espaço em Anápolis
Apesar da falta de regulamentação, mão de obra especializada tem sido cada vez mais bem quista entre empresas da área


Os números não mentem: população brasileira está envelhecendo. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a proporção de idosos na população brasileira quase duplicou na última década, passando de 8,7% para 15,6%.
Em Anápolis, não é diferente. Na última estimativa do Censo, a cidade atingiu a marca de 415.847 habitantes. Destes, 56.489 são pessoas com 60 anos ou mais de idade, conforme registrado no Censo de 2022, o que representa cerca de 13,58% do total – muito superior aos dados de 2010, quando apenas 6,86% dos habitantes faziam parte dessa faixa etária.
Diante desse aumento expressivo, um dos segmentos que vêm crescendo e se adaptando a esta nova realidade é o de serviços relacionados ao cuidado de idosos.
Ao Portal 6, a sócia administrativa da Casa Morada, Thauanne da Silva Pires, explica que esses cuidados formam a maioria dos serviços prestados pela empresa – especializada em home-care.

Profissionais da Casa Morada. (Foto: Divulgação)
“Não lidamos exclusivamente com idosos, mas eles são sem dúvida nenhuma a maioria esmagadora dos clientes. Acaba que é uma fase da vida que requer muito mais cuidado e atenção, mais até do que com crianças”, comentou.
Ela explicou que embora o nível de dependência entre os idosos varie, muitos precisam de auxílio que vão desde alimentação a até cuidados básicos de higiene.
Thauanne comentou que, embora não exista nenhuma regulamentação a respeito da profissão, é recomendado ter pelo menos o curso de cuidador no currículo, como é o caso de todos os funcionários da empresa.
Em cima disso, ela destacou que toda complementação é mais do que bem-vinda e importa para agregar no currículo. Porém, caso os cuidados demandem o manuseio de medicamentos ou aparelhos ligados à saúde, a formação em técnico de enfermagem passa a ser obrigatória.
Em Anápolis
Com relação ao cenário anapolino, a empresária destacou que a cidade possui grande potencial de crescimento, especialmente tendo em vista o tipo de público que solicita serviços do tipo.
“Não é um serviço barato, mas é extremamente importante e necessário. A gente foca no público com faixa de renda entre classe A e B. E, aqui em Anápolis, há sim várias famílias com essa condição, que compõe uma grande demanda, especialmente nos períodos de férias”, detalhou.
Porém, ela pontuou que a cidade ainda peca quando o assunto é mão de obra especializada, sendo relativamente difícil encontrar profissionais devidamente capacitados.
Para além, Thauanne reforçou que cuidadores podem trabalhar de forma autônoma, tendo em vista a falta de regulamentação específica, mas que, nesses casos, o cliente pode por vezes “ficar na mão”, em virtude de faltas ou complicações trabalhistas.
Isto porque, emergências ou fatores imprevisíveis podem comprometer acordos firmados entre o profissional liberal e o contratante, o mesmo não acontece com empresas – já que haverá reposição.
Realmente faz falta
Cuidados com idosos tendem a ser mais desafiadores do que com outros segmentos. O cenário foi vivido pela anapolina, Andressa Freitas, de 44 anos, ao precisar tomar conta da avó nos últimos anos de vida.
À reportagem, ela comentou que, por mais que contasse com o apoio de uma profissional durante parte do dia, a maior parte das obrigações ainda recaía sobre ela, em um trabalho muitas vezes invisibilizado até mesmo pelo restante da família.
“Minha vó morreu com 89 anos, mas desde os 84, definhou bastante. Ela sempre foi bastante ativa, mas depois de um tempo parece que desistiu, não tinha forças para fazer nada. Para cuidar dela, era mais esforço do que um recém-nascido. Na hora do banho, para secar, precisava usar um paninho de bebê, molhado ainda, porque se não a pele saía junto, era muito sensível”, comentou,
Ela relatou que o acompanhamento de um cuidador faz toda a diferença, mas que vários familiares ainda não viam necessidade de contratar outra pessoa, justamente por não compreenderem a magnitude do esforço envolto nos cuidados.