SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse nesta quarta-feira (28) que Mohammad Sinwar, líder do Hamas na Faixa de Gaza, foi morto no território palestino. O grupo terrorista não se pronunciou sobre o suposto assassinato até a última atualização deste texto.
Mohammad havia sido promovido à cúpula da facção no ano passado, depois que Tel Aviv matou seu irmão, Yahya, um dos fundadores da ala militar da facção, em outubro de 2024.
Há uma semana, no dia 21, o premiê já havia comentado a morte de Mohammad. A confirmação só ocorreu nesta quarta, no entanto, em uma fala de Netanyahu ao Parlamento. “Nos últimos dois dias, estamos em uma virada dramática rumo a uma derrota completa do Hamas”, disse, citando o que diz ser o objetivo da guerra.
O primeiro-ministro não especificou quando o líder teria morrido, mas a imprensa israelense e a árabe já haviam publicado relatos de seu assassinato nas últimas semanas. Os canais sauditas Al-Hadath e Al-Arabiya, por exemplo, afirmaram, no dia 18 de maio, que seu corpo e os de dez de seus assessores teriam sido encontrados em um túnel em Khan Yunis, no sul de Gaza.
O ataque que o teria alvejado atingiu o Hospital Europeu da cidade, matando 16 pessoas e ferindo 70, de acordo com autoridades de saúde do território. Pessoas ligadas à segurança de Israel consultadas pelo jornal Haaretz na ocasião afirmaram acreditar que Mohammad teria morrido se de fato estivesse em um túnel que, dizem, fica embaixo do prédio.
De acordo com especialistas, Mohammad ascendeu de forma emergencial dentro da facção palestina, após uma sucessão de mortes na cúpula do grupo de julho a outubro do ano passado. Tel Aviv praticamente eliminou as lideranças da facção palestina nesse período.
Além de Yahya, também foram assassinados no período os líderes das alas política e militar do Hamas, Ismail Haniyeh -a quem o “açougueiro de Khan Yunis”, como Tahya era conhecido, sucedeu- e Mohammed Deif. Antes disso, os braços direitos de Deif e Haniyeh haviam sido mortos: Saleh al-Arouri, vice-chefe político, em janeiro, e Marwan Issa, vice-comandante, em março.
A morte de Haniyeh foi particularmente marcante devido às circunstâncias em que aconteceu. O líder foi assassinado em Teerã logo depois de participar da posse do novo presidente do país, Masoud Pezeshkian, tornando o envolvimento da nação persa na guerra incontornável -o país é o principal fiador do Hamas.
Nascido em 15 de setembro de 1975, Mohammad Sinwar raramente apareceu em público ou falou com a mídia. Ele e seu irmão eram originários de Asqalan (hoje a cidade israelense de Ashkelon) e se tornaram refugiados, como centenas de milhares de outros palestinos, após a criação do Estado de Israel, na guerra de 1948 -a Nakba, ou catástrofe, para os palestinos.
Em Gaza, a família se estabeleceu em Khan Yunis, em grande parte reduzida a escombros na atual guerra.
Yahya era considerado o principal arquiteto dos ataques terroristas contra Israel em outubro de 2023, que desencadearam a guerra em Gaza. Já Mohammad teria sido um dos mentores do sequestro do soldado Gilad Shalit, em 2006. O Hamas manteve o israelense preso por cinco anos antes de trocá-lo por mais de mil palestinos presos por Tel Aviv -entre eles o próprio Yahya.
Assim como seu irmão, Mohammad esteve na mira de Israel por anos. Ele ingressou no Hamas logo após sua fundação e subiu na hierarquia militar do grupo rapidamente devido à sua reputação de linha dura. Em 2005, já liderava a Brigada Khan Yunis. A unidade, uma das maiores e mais poderosas do braço armado do Hamas, foi responsável por diversos ataques transfronteiriços e disparos de foguetes.
De acordo com a agência de notícias Reuters, autoridades do Hamas descrevem Mohammad como uma figura que deixava poucos rastros e havia muito tempo enganava as agências de inteligência israelenses. Em 2003, membros do grupo teriam descoberto uma bomba plantada na parede de sua casa, frustrando uma tentativa de assassinato atribuída a Tel Aviv.
Caso o Hamas confirme a morte de Mohammad, um provável sucessor seria seu colaborador próximo, Izz al-Din Haddad, atualmente supervisor de operações no norte de Gaza.