Ameaças à vida e ao cuidado: quando a violência entra nas unidades de saúde

Cuidar da vida exige mais do que técnica e estrutura: exige também respeito ao espaço sagrado, onde a vida é defendida todos os dias

José Fernandes José Fernandes -
Ameaças à vida e ao cuidado: quando a violência entra nas unidades de saúde
Profissionais da saúde e paciente em hospital (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Ontem, dois episódios graves colocaram em alerta a segurança dos profissionais e pacientes dentro das unidades de saúde em Goiás.

Em Silvânia, um motorista de ambulância foi baleado seis vezes, próximo ao hospital municipal. Em Anápolis, nesta mesma quinta-feira (05), uma equipe de profissionais da saúde conseguiu reverter uma parada cardíaca de um paciente em estado gravíssimo, mas sob uma tensão que vai além da medicina: a presença constante de um agente de segurança armado dentro da sala de emergência.

O sucesso da reanimação do paciente, que sobreviveu graças à agilidade e preparo da equipe, foi ofuscado por um cenário de constrangimento. Mesmo orientado a aguardar fora do ambiente crítico, o agente insistiu em permanecer armado e fardado durante todo o atendimento, o que gerou forte desconforto entre os profissionais.

Ambientes de cuidado exigem condições técnicas e emocionais adequadas. A presença ostensiva de forças de segurança durante procedimentos de urgência, especialmente em casos de risco iminente de morte, pode provocar insegurança, distração e até comprometer decisões clínicas. Os profissionais já lidam com a pressão natural da urgência, e não devem ser submetidos a mais esse tipo de tensão.

Casos como o de Silvânia mostram o quanto a violência tem se aproximado das portas dos hospitais. Já em Anápolis, vemos o quanto ela pode estar dentro. É preciso que as unidades de saúde sejam preservadas como espaços de paz e segurança, tanto para os pacientes quanto para quem dedica sua vida a salvá-los.

Estamos protegendo nossos profissionais de saúde ou os expondo a mais uma forma de risco? A segurança é fundamental, mas ela deve ser construída com respeito e protocolos claros. Não com presença armada, em ambientes de emergência.

Que esses dois episódios sirvam de alerta. Cuidar da vida exige mais do que técnica e estrutura: exige também respeito ao espaço sagrado, onde a vida é defendida todos os dias.

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