“Ô trem bão!” e outras 5 frases que entregam um goiano na hora
Cheias de afeto, exagero e sotaque, essas expressões fazem parte da alma de Goiás

É só abrir a boca que o goiano se entrega. Pode estar em São Paulo, no Sul do país ou até fora do Brasil: basta soltar um “uai”, um “num guento não” ou o clássico “ô trem bão!” para que todos ao redor saibam: ali tem alguém do coração do Cerrado. E não é só sotaque, é identidade.
A linguagem falada em Goiás é um reflexo da história do estado: rica em encontros, cheia de caminhos cruzados e marcada por um certo jeito sereno e brincalhão de ver a vida. Desde o século XVIII, quando os bandeirantes paulistas chegaram à região em busca de ouro, o que se viu foi uma mistura cultural intensa entre indígenas, africanos e colonos. Desse caldeirão saíram tradições, comidas, ritmos, e também expressões que se enraizaram no dia a dia do povo goiano.
Diferente de outras regiões, onde o sotaque é mais musical ou acelerado, o jeito goiano de falar é marcado pela tranquilidade, pelos diminutivos afetivos e por um vocabulário cheio de expressões próprias. Muitas vezes, essas frases são tão únicas que, para quem não é do estado, parecem até um enigma. Já para quem é de Goiás, são praticamente patrimônio imaterial.
A seguir, listamos algumas dessas frases que entregam o goiano na hora, e que, mais do que palavras, são jeitos de sentir, viver e se comunicar.
“Ô trem bão!” e outras 5 frases que entregam um goiano na hora
1. “Ô trem bão!”
A mais clássica de todas. Aqui, “trem” não é locomotiva, é sinônimo de qualquer coisa, e “bão” é a versão goiana do bom.
A frase pode se referir a um almoço caprichado, um fim de tarde na roça ou até a uma conversa boa. E o “ô” vem com alma: é exclamação e carinho ao mesmo tempo.
2. “Num guento não”
Essa é para quando a emoção passa do limite.
Pode ser usada diante de algo muito engraçado, muito bonito ou muito absurdo. É o goiano sendo dramático, e verdadeiro. O sentimento vem antes da gramática.
3. “Cê é doido, sô!”
Expressão de surpresa, espanto ou indignação, geralmente com um toque de ironia.
É o tipo de frase que cabe em quase qualquer situação: da conta de luz alta até a fofoca mais quente da vizinhança.
4. “Arreda esse trem pra lá”
“Arredar” vem do português antigo e quer dizer afastar, puxar, tirar do caminho.
E o “trem”, mais uma vez, é qualquer objeto, do ventilador ao cachorro. Um pedido direto, dito com o tom certo de impaciência.
5. “Tô só o pó da rabiola”
Talvez a mais poética da lista. É o goiano cansado, moído, precisando de descanso.
A rabiola, parte final da pipa, aqui vira metáfora de exaustão, e mostra que, até para reclamar, o goiano tem imaginação.
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