Sandro Mabel, Rogério Cruz, atual e ex-secretários de Goiânia são indiciados por funcionamento do Aterro Sanitário sem licença

Local que trata resíduos sólidos estaria impossibilitado de atuar desde dezembro de 2024

Paulo Roberto Belém Paulo Roberto Belém -
Sandro Mabel, Rogério Cruz, atual e ex-secretários de Goiânia são indiciados por funcionamento do Aterro Sanitário sem licença
Paço Municipal de Goiânia.(Foto: Divulgação/PrefGyn)

O funcionamento do Aterro Sanitário de Goiânia sem licença ambiental desde dezembro de 2024 causou o indiciamento do prefeito Sandro Mabel (UB) e do titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Francisco Elísio pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema).

Além deles, o ex-mandatário Rogério Cruz (SD) e outros dois titulares da secretaria na gestão dele, Denes Pereira e Breno Raner, também foram apontados pela especializada por desrespeitarem a suspensão feita pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) em dezembro passado.

Segundo O Popular, o indiciamento ocorre em meio a uma investigação sobre um suposto vazamento de chorume para o Córrego Caveirinha, no início de 2024. No fim de abril do mesmo ano, a Dema instaurou um inquérito policial, após uma requisição do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO).

O ato foi provocado pela repercussão de vídeos nas redes sociais de um escoamento de chorume do aterro ao curso hídrico próximo, o que estaria causando contaminação da água e atingindo chácaras de cultivo de hortaliças.

Cenário causado pela suposta danificação de uma tubulação que leva o líquido poluente até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago). Entretanto, esse estrago teria sido consertado em seguida.

A delegacia indiciou a Comurg em abril deste ano por poluição e falta de licença. Contudo, logo após o inquérito ter sido levado ao Judiciário, o MPGO solicitou a inclusão dos novos indiciados por responsabilidade criminal da anterior e atual administração municipal.

O documento, assinado pelo promotor Juliano de Barros Araújo, também cita a suspensão da licença ambiental corretiva pela Amma em dezembro, por falta de cumprimento do termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado em 2024, já sob aditivo, continuou o jornal.

“A partir da suspensão da licença, toda e qualquer atividade de recebimento, manuseio e disposição de resíduos sólidos no local passou a ocorrer de forma ilegal”, defendeu Araújo, ao solicitar também a apuração de delitos por parte do atual prefeito e do titular da Seinfra pela manutenção do funcionamento do aterro sem o licenciamento devido.

Por ter foro privilegiado, o Núcleo Especializado em Crimes Praticados por Prefeitos (NUCPP) do órgão ministerial teve de deferir o pedido de investigação do prefeito, definido em julho deste ano.

Segundo a publicação, há robustos elementos nos autos indicando que ambos os servidores públicos, desde o início da gestão, que se deu em 1º de janeiro de 2025, fazem funcionar o Aterro Sanitário de Goiânia sem a devida licença, justificou o coordenador do Núcleo, Rafael Simonetti Bueno da Silva.

Ao O Popular, o ex-prefeito Rogério Cruz alegou ter feito obras de drenagem e canalização do chorume à ETE, além de ter atendido orientações e recomendações do MP-GO.

O ex-secretário Denes Pereira justificou ter tomado as providências estabelecidas no acordo, como a abertura de processo licitatório para contratação de aterro privado para destinação de 40% dos resíduos gerados na capital.

Entretanto, alegou ter deixado a pasta antes da conclusão do mesmo e antes da troca da gestão da Comurg à Seinfra, afirmou a publicação.

Já o ex-secretário Breno Raner alegou que a pasta assumiu a operação do aterro, mas a Comurg permaneceu na gestão, abrindo processo licitatório emergencial para operação e gestão do aterro por uma empresa privada, mas não foi adiante.

Além disso, alegou que, após a suspensão da licença ambiental, “como estava faltando 21 dias para findar o mandato (de Cruz), continuou a operação para não parar o serviço essencial”, destacou ao jornal.

Quanto ao atual titular da Seinfra, Francisco Elísio, este ponderou que a atual gestão está adotando as medidas necessárias para adequação do aterro. “Seguimos o plano de operação com total segurança”, garantiu.

O Popular citou que diante das informações colhidas, a Dema indiciou, no dia 8 de outubro, todos os cinco pelo crime de funcionamento de atividade potencialmente poluidora sem licenciamento. Eles também respondem pelo artigo de responsabilização pelo crime ambiental.

Ao jornal, Mabel disse que o aterro está em processo para obtenção da licença. “Foi votada uma lei, em que a Assembleia Legislativa derrubou o veto do governador, que dava mais um ano de prazo [para extinção dos lixões]”, alega.

A Seinfra também disse, em nota ao veículo, que tem implementado ações técnicas e estruturais “que estão transformando de maneira definitiva a realidade do local”.

Já a gestão do ex-prefeito citou, em nota, que “sempre pautou a administração pelo cumprimento rigoroso das normas ambientais e pelo acompanhamento das equipes técnicas responsáveis pela fiscalização e operação do aterro sanitário”.

Quando aos ex-secretários, a publicação não conseguiu contato para obter respostas.

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Paulo Roberto Belém

Paulo Roberto Belém

Jornalista profissional, com passagem por veículos radiofônicos e impressos. Também possui experiência em assessoria de comunicação. Atualmente, dedica-se à cobertura do cotidiano de Goiás, sempre buscando aprofundar os temas com responsabilidade, sensibilidade e apuração rigorosa.

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