Vacina pioneira contra o câncer de pulmão inicia testes em humanos em 2026
Projeto desenvolvido no Reino Unido mira pessoas de alto risco e pode inaugurar uma nova fase na prevenção da doença

Poucas palavras assustam tanto quanto “câncer de pulmão”. A doença ainda é uma das que mais matam no mundo e, na maior parte dos casos, é descoberta tarde, quando as opções de tratamento já ficam bem mais limitadas.
Durante décadas, a conversa sempre girou em torno de quimioterapia, radioterapia, cirurgias e novos medicamentos. Agora, porém, um caminho diferente começa a ganhar forma: usar uma vacina para evitar que o câncer apareça.
Pesquisadores de instituições britânicas anunciaram que uma vacina experimental contra o câncer de pulmão, conhecida como LungVax, deve iniciar testes em humanos a partir do verão de 2026, em um ensaio clínico de fase 1 que está planejado para durar quatro anos.
Se der certo, o projeto pode mudar a forma como o mundo olha para a prevenção desse tipo de câncer.
O que é essa vacina contra o câncer de pulmão
Diferente das vacinas tradicionais, que protegem contra vírus ou bactérias, essa nova candidata foi criada para agir contra células pulmonares anormais, que começam a sofrer mudanças e podem se transformar em câncer com o passar do tempo.
A ideia é simples de explicar: as células que caminham para o câncer passam a exibir proteínas “diferentes” na superfície, chamadas de neoantígenos.
A vacina leva ao organismo uma espécie de “instrução” para que o sistema imunológico reconheça essas proteínas alteradas e aprenda a atacar essas células antes que o tumor se forme.
Ou seja, em vez de tratar o câncer depois que ele aparece, a proposta é tentar impedir que ele chegue a se instalar.
Como ela funciona na prática
A vacina utiliza uma tecnologia semelhante à que foi empregada em alguns imunizantes contra a Covid-19: um material genético é levado às células para que elas produzam, por um tempo limitado, as proteínas que o sistema imunológico precisa aprender a identificar.
A partir daí, o corpo passa a “memorizar” esses alvos e fica em alerta para futuras células que apresentem o mesmo padrão.
Quando células pulmonares começam a acumular mutações ligadas ao câncer e exibem os tais neoantígenos, o sistema de defesa, em teoria, já está treinado e preparado para reagir mais rápido.
Quem deve participar dos primeiros testes
Os primeiros voluntários serão pessoas consideradas de alto risco, como:
- Pacientes que já tiveram câncer de pulmão em estágio inicial e foram tratados, mas ainda têm risco de recidiva;
- Indivíduos que participam de programas de rastreamento pulmonar, em geral fumantes ou ex-fumantes com idade mais avançada.
Nessa fase inicial, o objetivo não é comprovar eficácia definitiva, e sim avaliar segurança, dose ideal e resposta imunológica. Só depois, caso os resultados sejam bons, a pesquisa avança para estudos maiores com mais participantes.
Ainda é o começo do caminho
Por mais promissor que pareça, o projeto ainda está em estágio experimental. Pesquisadores reforçam que será preciso tempo para entender se a vacina é realmente capaz de reduzir a incidência de câncer de pulmão ou evitar que a doença volte em quem já tratou o tumor.
Ensaios de fase 1 costumam envolver grupos pequenos, com acompanhamento muito rigoroso, justamente para mapear todos os efeitos possíveis.
Mesmo assim, o simples fato de uma vacina preventiva estar pronta para sair dos laboratórios e chegar aos primeiros voluntários já é visto como um marco na área.
Não substitui parar de fumar
Os próprios cientistas fazem questão de lembrar: nenhuma vacina substitui o ato de parar de fumar. O tabagismo continua sendo o principal fator de risco para câncer de pulmão e outras doenças graves.
A proposta da vacina é somar esforços: proteger pessoas que, mesmo tendo parado de fumar ou passado por tratamento, ainda carregam risco elevado pela história de exposição ao cigarro.
Ou seja, não é um passe livre para continuar fumando, e sim uma possível camada extra de proteção para o futuro.
Um sinal do que vem pela frente
A vacina contra o câncer de pulmão faz parte de uma tendência mais ampla na medicina: o desenvolvimento de vacinas terapêuticas e preventivas para diferentes tipos de câncer, muitas delas baseadas em mRNA ou DNA e em antígenos específicos de tumor.
Hoje, dezenas de candidatos estão em estudo em vários países, com expectativa de que as primeiras aprovações cheguem ainda nesta década, se os resultados se confirmarem.
Até lá, o recado é duplo: acompanhar de perto os avanços da ciência, que começam a transformar um sonho em possibilidade real, e seguir apostando no que já se sabe que funciona — como parar de fumar, fazer exames de rastreamento quando indicados e procurar atendimento médico diante de sintomas persistentes.
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