Correios estudam modelo europeu para bancar entregas e reduzir prejuízo bilionário
Proposta prevê fundo financiado por empresas privadas de logística para custear entregas em todo o país e aliviar rombo da estatal

Os Correios avaliam a adoção de um modelo europeu de financiamento para manter a entrega de encomendas em todos os municípios brasileiros. A proposta surge como alternativa para reduzir o prejuízo bilionário da estatal, que hoje enfrenta dificuldades para bancar sozinha a obrigação de atender todo o território nacional.
Atualmente, a empresa é a única obrigada por lei a operar em todos os 5.568 municípios do Brasil. No entanto, essa capilaridade tem custo alto e pesa diretamente no caixa. Por isso, o debate ganhou força dentro do governo e entre especialistas do setor.
Universalização tem custo elevado
Manter o serviço de entrega em todo o país custa cerca de R$ 5 bilhões por ano aos Correios. No passado, esse valor era compensado pelo monopólio da entrega de cartas e boletos. Entretanto, com a queda desse tipo de serviço, a estatal ficou apenas com o ônus.
Enquanto isso, o mercado mudou. O comércio eletrônico cresceu, empresas privadas ampliaram a atuação e passaram a disputar as entregas mais lucrativas. Assim, regiões remotas e deficitárias continuam sob responsabilidade exclusiva dos Correios.
Como funciona o modelo europeu
Na Europa, vários países adotaram um sistema diferente. Nesse modelo, as empresas privadas de logística contribuem para um fundo específico, usado para financiar a universalização do serviço postal. Dessa forma, quem se beneficia da infraestrutura nacional também ajuda a custear as áreas menos rentáveis.
Segundo especialistas, esse tipo de fundo evita que apenas uma empresa arque com o custo social da operação. Além disso, cria um ambiente mais equilibrado entre estatais e companhias privadas.
Ideia já existe em outros setores no Brasil
Embora seja novidade no setor postal, o modelo não é estranho ao Brasil. Áreas como telecomunicações e energia elétrica já contam com fundos semelhantes, voltados à universalização dos serviços.
Nesse sentido, defensores da proposta avaliam que a adaptação para os Correios seria viável. Ainda assim, a medida exigiria mudanças legais e amplo debate com o setor privado.
Plano de recuperação e empréstimo bilionário
Paralelamente, os Correios colocaram em prática um plano de recuperação financeira, dividido em etapas. Entre as ações estão cortes de custos, revisão de contratos e modernização da operação.
Além disso, a estatal recebeu aval do Tesouro Nacional para um empréstimo de R$ 12 bilhões, o que deve reduzir despesas com juros e garantir fôlego no curto prazo. Mesmo assim, técnicos avaliam que a solução estrutural passa pela redefinição do modelo de financiamento da universalização.
Debate deve avançar nos próximos anos
O governo descarta a privatização dos Correios, mas reconhece a necessidade de ajustes. Por isso, a discussão sobre o modelo europeu deve ganhar espaço nos próximos anos, especialmente dentro da equipe econômica.
Se adotada, a proposta pode representar uma mudança profunda no setor de entregas. Ao mesmo tempo, pode aliviar o caixa da estatal e garantir a continuidade do serviço em todo o país.
Siga o Portal 6 no Google News fique por dentro de tudo!







