Energia volta na maior parte da Venezuela após apagão deixar país no escuro

Maduro costuma atribuir as falhas de energia a planos da oposição para derrubá-lo, embora especialistas culpem a falta de investimento no sistema elétrico e nas suas redes de distribuição

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Energia volta na maior parte da Venezuela após apagão deixar país no escuro
(Foto: Reprodução/Agência Brasil/ Leandra Felipe)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A energia voltou com instabilidades na Venezuela neste sábado (31), um dia após um apagão deixar a maior parte do país no escuro e reviver o fantasma da enorme falha elétrica de 2019, que durou cinco dias.

A eletricidade já havia começado a voltar a alguns estados às 16h de sexta-feira (30), 17h no Brasil –12 horas depois do início da falha. Somente na manhã de sábado, porém, a energia terminou de ser restabelecida em quase todo o país, segundo veículos de comunicação locais e moradores consultados pelas agências de notícias AFP e Reuters.

Apesar da volta à normalidade, ainda há instabilidade em estados andinos, como Mérida e Táchira, e em seus vizinhos Lara e Zulia, no oeste do país. Em Bolívar, no sul, também há relatos de falhas em alguns setores. São regiões que costumam ser atingidas por cortes de energia diários mesmo quando não há problemas no sistema elétrico.

A conectividade no país, que chegou a menos de 20% na sexta, estava em 92,7% na madrugada deste sábado, de acordo com a ONG VE Sin Filtro, que mede o nível de conexão à internet na Venezuela. O serviço de metrô de Caracas, que havia sido interrompido, também foi totalmente restabelecido, segundo autoridades de transporte.

“A primeira coisa que pensei foi que a comida ia estragar. E é tão caro comprar”, disse à Reuters José Rincón, um professor que mora na cidade central de Valencia. “Quando você pensa que tudo está ruim, parece que só piora.”

Reyner Acosta, um aposentado de 62 anos em Maracaibo, capital de Zulia, disse à mesma agência que a eletricidade voltou no início da manhã de sábado, apenas para ter sido cortada novamente. “A eletricidade vinha e ia”, disse ele enquanto fazia compras em um mercado para repor os alimentos que estragaram.

A falha, que teve origem na central hidrelétrica Simón Bolívar, principal geradora de eletricidade da Venezuela, não escapou de uma associação à crise política que a Venezuela vive desde as eleições presidenciais do final de julho –tanto a oposição quanto o regime dizem que venceram o pleito, embora apenas os adversários do ditador Nicolás Maduro tenham apresentado as atas eleitorais que têm em mãos.

“É um ataque cheio de vingança, um ataque cheio de ódio que vem de setores fascistas”, disse o líder chavista ao afirmar que a falha foi resultado de uma sabotagem sem apresentar evidências que embasassem a acusação. “Peço justiça para os autores materiais e intelectuais deste ataque criminoso.”

Maduro costuma atribuir as falhas de energia a planos da oposição para derrubá-lo, embora especialistas culpem a falta de investimento no sistema elétrico e nas suas redes de distribuição.
A despeito do apagão, o Ministério Público manteve a audiência, na manhã de sexta, para a qual havia sido convocado Edmundo González, adversário de Maduro nas eleições do final de julho.

Pela terceira vez, o opositor não compareceu para prestar depoimento e, assim, pode ser alvo de um mandado de prisão –promotores argumentam que existe “risco de fuga e de obstrução”.

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