Explosões em dois centros de logística na Europa em julho deste ano podem ter sido parte de uma operação secreta da Rússia, afirmaram funcionários da área de segurança do Ocidente ao The Wall Street Journal, segundo uma reportagem do próprio jornal americano publicada nesta quarta-feira (5).
Após os incidentes em dois centros da empresa de logística DHL -um em Leipzig, na Alemanha, e outro em Birmingham, na Inglaterra, segundo o diário-, investigadores e agências de espionagem europeias lançaram investigações para tentar encontrar culpados. Os produtos que chegaram ao Reino Unido teriam sido enviados da Lituânia, afirma o jornal.
De acordo com a apuração, as autoridades chegaram à conclusão de que os dispositivos que explodiram eram massageadores elétricos com uma substância inflamável à base de magnésio. O objetivo de Moscou, segundo o jornal, era provocar incêndios em aeronaves de carga ou de passageiros com destino aos Estados Unidos ou ao Canadá, como parte de um plano de sabotagem maior.
Um dos países que colabora com a investigação é a Polônia, que prendeu quatro suspeitos de terem participado das explosões, de acordo com diversos veículos, incluindo a CBC News, do Canadá, e o próprio The Wall Street Journal.
“O objetivo do grupo também era testar o canal de transferência dessas encomendas, que seriam enviadas para os EUA e o Canadá”, afirmou o gabinete do procurador-geral da Polônia em um comunicado à imprensa.
A Procuradoria não deu mais detalhes, mas o chefe da agência de inteligência local, Pawel Szota, atribuiu os incidentes a espiões russos em uma entrevista ao The Wall Street Journal. “Não tenho certeza se os líderes políticos da Rússia estão cientes das consequências caso um desses pacotes explodisse, causando um evento de vítimas em massa”, afirmou ele, segundo o jornal.
Questionado pelo diário, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a Rússia não recebeu nenhuma acusação formal. “Essas são as tradicionais insinuações infundadas da mídia”, afirmou.
Em outubro, a Alemanha já havia afirmado que estava investigando os incêndios. Na ocasião, o chefe da agência de inteligência do país, Thomas Haldenwang, disse a um comitê parlamentar que Berlim havia escapado por pouco de um acidente de avião após um pacote de carga aérea pegar fogo.
Na mesma audiência, ele apontou um aumento significativo nas atividades de espionagem e sabotagem russas na Alemanha. O escritório do procurador-geral alemão não quis comentar sobre uma possível ligação do incidente com Moscou na época, afirmando que nenhuma informação adicional poderia ser fornecida devido à natureza da investigação.
O suposto aumento das atividades de sabotagem da Rússia já havia sido mencionado em outras ocasiões. Em setembro, Bill Burns e Richard Moore, chefes da CIA, a agência de inteligência dos EUA, e da MI6, a correspondente do Reino Unido, respectivamente, disseram que a Rússia estava travando uma “campanha imprudente de sabotagem”.