Alckmin diz que decisão de Trump eleva de 23% a 26% exportação brasileira livre de tarifa extra

Cálculo apresentado por Alckmin considera a balança de exportações para os EUA no último ano

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Geraldo Alckmin
Vice-presidente Geraldo Alckmin. (Foto: Cadu Pinotti/Agência Brasil)

CÉZAR FEITOZA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou neste sábado (15) que a decisão de Donald Trump de reduzir tarifas sobre a importação de carne bovina, tomate, café e banana fez subir de 23% para 26% o valor das exportações brasileiras para os Estados Unidos livre de tarifas extras.

O cálculo apresentado por Alckmin considera a balança de exportações para os EUA no último ano, que alcançou cerca de US$ 40 bilhões. O aumento desse percentual se deve, em maior parte, à retirada das alíquotas para o suco de laranja.

De acordo com o vice-presidente, pouco mais de US$ 10 bilhões das exportações brasileiras devem ficar sem as tarifas adicionais impostas pela gestão Trump. Isso não significa que os produtos ficam com tarifa zero, porque pode haver tarifas antigas já cobradas, menores que as aplicadas pelo atual presidente americano.

“Nós tinhamos, com tarifa zero, 23% da exportação brasileira, que no ano passado foi, em números redondos, US$ 40 bilhões. O terceiro princial destino da exportação brasileira [são os Estados Unidos]. Isso era 23% e, com essa decisão, aumentou para 26% a exportação brasileira zerada, praticamente sem alíquota. Foi positivo e vamos continuar trabalhando”, disse Alckmin em entrevista coletiva.

O vice-presidente disse que a redução das tarifas, anunciada ontem por Trump, é um avanço, mas que há uma “avenida de trabalho” pela frente para corrigir o que ele chamou de “distorções”.

Ele afirmou que, apesar de a taxa global de 10% ter sido removida para uma série de produtos, o Brasil ainda permaneceu com a sobretaxa de 40%, ainda “muito alta”.

A tarifa extra de 40% é cobrada sobre diversos produtos brasileiros. O café, por exemplo, recebeu a redução dos 10% anunciada por Trump na sexta, mas segue com as sobretaxas altas. Ele disse que o impacto do tarifaço segue impactando o Brasil na concorrência com outros países, mas a decisão de Trump é “boa, na direção correta”.

Alckmin atribuiu a decisão de Trump a um conjunto de fatores. Alguns deles seriam a sensibilidade do governo americano com o aumento dos preços dos produtos tarifados, a pressão do empresariado americano e estrangeiro e o esforço da diplomacia brasileira para solucionar o impasse.

Na sexta (14), o presidente dos Estados Unidos assinou medida para reduzir tarifas sobre a importação de carne bovina, tomate, café e banana, em movimento voltado para controlar a inflação dos alimentos no país após o tarifaço.

Entre outros países exportadores de commodities, as medidas podem beneficiar o Brasil, maior produtor global de café e segundo maior produtor de carne bovina, atrás apenas dos EUA, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA).

O decreto publicado por Trump, no entanto, se aplica apenas à alíquota de 10% das chamadas “tarifas recíprocas” impostas em abril a todos os países. A sobretaxa de 40% sobre o Brasil segue em vigor.

O decreto modifica o escopo das tarifas com base em segurança nacional, pilar da estratégia de Trump para enfrentar o que ele classifica como “grandes e persistentes déficits comerciais” dos EUA.

A decisão vem após recomendações de autoridades encarregadas de monitorar o estado de emergência nacional declarado por Trump em abril. O governo citou negociações com parceiros comerciais, a demanda doméstica e a capacidade produtiva americana como fatores que motivaram a revisão.

“Determinei que é necessário e apropriado modificar ainda mais o escopo dos produtos sujeitos à tarifa recíproca imposta pela ordem executiva 14257 [medida que aplicou a tarifa global de 10%]”, afirma Trump no decreto.

Ainda na sexta, após a divulgação da medida, Trump disse a bordo do Air Force One que novos recuos nas tarifas não serão necessários.

“Acabamos de fazer um pequeno recuo”, afirmou. “Os preços do café estavam um pouco altos; agora ficarão mais baixos em um período muito curto.”

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